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Estudos sobre Aids e câncer levam o Nobel

Comitê premia Luc Montagnier e Françoise Barré-Sinoussi pela descoberta do HIV e Harald zur Hausen por pesquisas sobre o HPV

postado em 07/10/2008 07:50
Se em 2007 o Instituto Karolinska, com sede em Estocolmo, resolveu premiar as pesquisas com células-tronco e a recombinação do DNA, neste ano o Nobel de Medicina contemplou os estudos sobre o HIV e o vírus do papiloma humano (HPV) ; respectivamente responsáveis pela Aids e pelo câncer do colo de útero. Mais uma vez, a decisão dos cinco jurados do Comitê Nobel contrariou todas as apostas: os nomes dos franceses Luc Montagnier e Françoise Barré-Sinoussi (leia a entrevista) e o alemão Harald zur Hausen não estavam entre os favoritos. ;Harald zur Hausen se colocou contra os dogmas e postulou que o vírus do papiloma humano oncogênico provocava câncer do colo do útero, a segunda maior causa de morte entre mulheres;, afirmou o comunicado do Comitê Nobel. ;Françoise Barré-Sinoussi e Luc Montagnier descobriram o vírus da imunodeficiência adquirida (Aids). A descoberta foi o pré-requisito para a compreensão da biologia da doença e do tratamento com antiretrovirais.; Montagnier, de 76 anos, recebeu a notícia em Abdijan, capital da Costa do Marfim, onde participa de uma conferência. Em entrevista à agencia Reuters, o diretor da Fundação Mundial para Pesquisa e Prevenção contra a Aids (Paris) comentou que o prêmio ;nos encoraja a nos manter firmes até alcançarmos a meta; ; uma referência a uma vacina contra a doença. Três dias antes, Montagnier comentou ao Correio sobre a descoberta de que o vírus HIV começou a infectar humanos entre 1884 e 1924. ;Não é surpreendente constatar que africanos foram infectados no início do século 20 ou mesmo antes, já que o contato com os primatas já existia por um longo período.; Ele defendeu a erradicação do HIV com tratamentos complementares, como uma vacina terapêutica. Ao escolher Montagnier e Barré-Sinoussi, o Comitê Nobel expôs uma antiga ferida aberta em torno das pesquisas. Tanto Montagnier como o norte-americano Robert Gallo travavam uma corrida para descobrir a causa das mortes de homossexuais e usuários de drogas injetáveis nos Estados Unidos, no início da década de 1980. Por preterir Gallo, os jurados consideraram que apenas os dois franceses são os descobridores do HIV. O próprio Montagnier declarou ontem que ;é certo que ele (Gallo) merecia (o prêmio) tanto quanto nós dois;. Na tarde de ontem, o Instituto de Virologia Humana da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland emitiu um comunicado em que Robert Gallo se congratulava com os ganhadores do Nobel. ;Eu estou grato pela declaração gentil do dr. Montagnier expressando que eu merecia igualmente;, afirmou. ;Estou agradecido pelo Comitê Nobel ter escolhido a importância da Aids;, acrescentou, antes de prometer que seguirá na busca pela vacina. Por sua vez, Harald zur Hausen ; do Centro de Pesquisa Alemão contra o Câncer, com sede em Heidelberg ; foi modesto ao comentar o prêmio. ;Eu não estou preparado para isso;, disse o cientista de 72 anos à agência Associated Press. ;Estamos bebendo uma pequena taça de espumante;, comemorou. Zur Hausen receberá a metade do prêmio de 1,3 milhão de euros (R$ 3,8 milhões), enquanto Montagnier e Barré-Sinoussi repartirão a outra metade.

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