postado em 07/10/2008 07:58
ESTOCOLMO - O Prêmio Nobel de Física 2008 foi atribuído ao americano Yoichiro Nambu e aos japoneses Makoto Kobayashi e Toshihide Maskawa por trabalhos em separado sobre a física de partículas elementares da matéria, os quarks, anunciou nesta terça-feira (07/10) o Comitê Nobel da Real Academia Sueca.
Nambu, 87 anos, nascido em 1921 no Japão e que trabalha no Instituto Enrico Fermi de Chicago, receberá metade do prêmio pela "descoberta do mecanismo de ruptura espontânea de simetria em física subatômica", segundo o júri do Comitê Nobel.
Seus trabalhos alimentam a teoria do "Modelo Standard", que tenta descrever as partículas elementares que ajudam a explicar a natureza da matéria e as origens do Universo, criado no "Big Bang" há 14 bilhões de anos. Já os dois cientistas japoneses foram premiados pela "descoberta da origem da ruptura espontânea de simetria que supõe a existência de pelo menos três famílias de quarks na natureza", acrescenta o Comitê.
O quark é uma partícula subatômica fundamental de carga elétrica fracionária (2/3 ou 1/3 da carga do elétron) e de spin 1/2, considerada um dos constituintes fundamentais da matéria. Kobayashi, 64 anos, é professor honorário do Centro de Pesquisas de Tsukuba (Japão). Maskawa, 68 anos, é professor honorário no Instituto de Física Teórica de Yukawa (Japão).
Durante a formação do Universo, a matéria existia sob a forma de uma espécie de sopa densa e quente chamada plasma quarks-glúons. Ao esfriar, algumas partículas de quarks se aglutinam em prótons e nêutrons e outras partículas compostas.
A questão da simetria faz parte dos grandes enigmas da Física. Durante a formação do Universo, no momento do Big Bang, foram produzidas quantidades iguais de matéria e de antimatéria que deveriam ter se anulado mutuamente.
"No entanto, não foi isto que aconteceu", destaca o comunicado do Comitê Nobel. "Houve um desvio minúsculo de uma partícula suplementar de matéria por cada 10 bilhões de partículas de antimatéria. É esta ruptura de simetria que parece ter permitido a sobrevivência de nosso Universo", acrescenta a Academia.
Até hoje boa parte do que realmente aconteceu em nosso Universo não foi explicado. O superacelerador de partículas que acaba de entrar em funcionamento em Genebra tenta encontrar respostas, lembram os membros do júri.
Ano passado, o francês Albert Fert e o alemão Peter Grünberg receberam o Prêmio Nobel de Física pela descoberta de uma tecnologia, a magnetorresistência gigante, que permite ler a informação armazenada nos discos rígidos.
O Nobel de Física é o segundo anunciado esta semana. O de Medicina abriu a temporada na segunda-feira, ao premiar o alemão Harald zur Hausen e os franceses Françoise Barré-Sinoussi e Luc Montagnier por seus trabalhos sobre os vírus responsáveis pelo câncer de colo de útero, no caso do primeiro, e da Aids para os dois últimos.
A semana do Prêmio Nobel prossegue com o anúncio do vencedor de Química na quarta-feira. Em seguida virão o Nobel de Literatura na quinta-feira, o da Paz na sexta-feira e o de Economia na próxima segunda-feira. Os prêmios serão entregues oficialmente durante uma cerimônia celebrada em Estocolmo e Oslo no dia 10 dezembro.
Os vencedores receberão uma medalha de ouro, um diploma e um cheque de 10 milhões de coroas suecas (1,52 milhão de dólares), que pode ser dividido entre três vencedores em cada categoria. No caso do prêmio de Física, o cientista americano receberá cinco milhões de coroas e os dois japoneses compartilharão a outra metade.