postado em 07/10/2008 17:59
VATICANO - Ante o Holocausto, o papa Pio XII "não foi silencioso nem anti-semita, e sim prudente", considerou nesta terça-feira (7) no Osservatore Romano o cardeal Tarcisio Bertone, após as declarações do grão-rabino de Haifa (Israel), que se opõe a sua beatificação.
Para o número dois do Vaticano, se o papa Pacelli "tivesse intervindo publicamente teria colocado em perigo a vida de milhares de judeus que, a seu pedido, foram escondidos em 155 conventos e monastérios da cidade de Roma".
O cardeal secretário de Estado expressa essa posição no prefácio de um livro sobre a figura do Papa durante a Segunda Guerra Mundial, e que o Osservatore Romano, jornal do Vaticano, decidiu publicar.
Na segunda-feira (6), o grão-rabino Shear Yshuv Cohen declarou em Roma que Pio XII não devia ser beatificado, "já que não se pode esquecer seu silêncio sobre o Holocausto".
O rabino de Haifa, primeira autoridade judaica convidada a se manifestar durante um sínodo de bispos católicos, considerou diante dos jornalistas que Pio XII "não deve ser tomado como modelo e não deve ser beatificado, já que não ergueu a voz ante a Shoah".
Para o cardeal Bertone, pelo contrário, "é profundamente injusto estender um véu de opróbrio sobre a obra de Pio XII durante a guerra, esquecendo não só o contexto histórico como também sua imensa obra caritativa" para com os judeus.
Pio XII, que dirigiu a Igreja de 1939 a 1958, é acusado por seus críticos de ter se mantido em silêncio frente aos crimes nazistas e fascistas.