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Otan vai combater tráfico de ópio no Afeganistão

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postado em 10/10/2008 10:50
BUDAPESTE - Os países da Otan decidiram nesta sexta-feira (10/10) entrar pela primeira vez na luta contra o tráfico de ópio no Afeganistão para pôr fim aos ganhos que os talibãs obtêm com o tráfico de drogas, indicou o porta-voz da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). "Em relação à luta contra as drogas, a Força Internacional" de Assistência à Segurança (Isaf) sob comando da Otan "está autorizada a atuar de forma concertada com os afegãos contra as instalações e os indivíduos que apóiam a insurreição tal como está previsto no plano de operação existente", declarou James Appathurai à imprensa. Essa decisão, tomada pelos ministros da Defesa dos 26 membros da Otan reunidos quinta e sexta-feira em Budapeste, está baseada em "uma solicitação do governo afegão" e em "conformidade com as resoluções do Conselho de Segurança da ONU" relativas à luta contra o tráfico de drogas e ao mandato dos 50.700 soldados da Isaf. Para atender às preocupações de países como Espanha, França e Alemanha, essas operações apenas serão efetuadas por "tropas que tenham sido devidamente autorizadas por seus respectivos governos". Essas intervenções deverão também "evitar ao máximo as perdas de vidas de civis", indica o texto do acordo. Esse ponto era particularmente importante para a Alemanha. A princípio, as operações ficarão centradas nas sete províncias do sul onde o cultivo da papoula e as atividades dos talibãs estão ligados. Nessa região estão presentes tropas de Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Holanda. O Afeganistão, apoiado pelos Estados Unidos, havia pedido na quinta-feira ajuda concreta à Otan na luta contra o tráfico de droga. "Gostaria que a Otan apoiasse nossos esforços na campanha contra o tráfico de narcóticos. É o que vou pedir a eles", afirmou o ministro afegão da Defesa, Abdul Rahim Wardak, antes de um encontro com seus colegas dos 25 países da Aliança Atlântica reunidos em Budapest. O secretário americano de Defesa, Robert Gates, por sua vez, deu seu apoio ao pedido afegão. "O tráfico de drogas não é apenas corrosivo para a boa governança, por causa de sua contribuição com a corrupção, como também financia diretamente as pessoas que matam os afegãos, os norte-americanos e nossos sócios da coalizão. Os talibãs obtêm pelo menos entre 60 e 80 milhões de dólares anuais com as drogas", afirmou Gates, que se encontra em Budapeste. O Afeganistão produz 92% do ópio e da heroína consumidos no mundo e os talibãs financiam sua resistência contra o governo do presidente Hamid Karzai graças a esse tráfico.

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