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OMS denuncia desigualdades gritantes em termos de cuidados no mundo

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postado em 14/10/2008 11:46
GENEBRA - A Organização Mundial da Saúde denunciou nesta terça-feira (14/10) em seu relatório 2008 as "desigualdades gritantes" em termos de acesso a cuidados e defendeu o retorno o mais rapidamente possível aos princípios de base da saúde primária. "As desigualdades em termos de resultados sanitários e de acesso a cuidados são bem maiores atualmente do que em 1978", explicou a OMS em seu relatório anual sobre a saúde no mundo. "As diferenças de expectativa de vida entre os países mais ricos e mais pobres ainda são de mais de 40 anos", disse a organização acrescentando que os gastos pessoais com saúde "levam cada ano 100 milhões de pessoas ao nível de pobreza". "No plano mundial, os gastos públicos de saúde variam entre 20 dólares por pessoa e por ano e mais de 6.000 dólares", insistiu a OMS. "As respostas do setor da saúde à evolução do mundo foram inadequadas e ingênuas, incapazes de antecipar os problemas e encontrar soluções globais", resumiu o relatório. "Os sistemas de saúde parecem derivar de uma prioridade a curto prazo a uma outra, cada vez mais fragmentada e sem direção clara: eles não vão naturalmente no sentido da Declaração de Alma-Ata, nome soviético da ex-capital cazaque onde os acordos foram assinados há 30 anos destacando a necessidade de igualdade de cuidados, explicou ainda a OMS. Entre as maiores falhas de inúmeros sistemas de saúde, a Organização ressaltou a utilização abusiva de especialistas em detrimento de generalistas e médicos de famílias, além da relação cada vez maior entre doenças de ricos e tecnologias de ponta. A prevenção é de fato muito negligente, enquanto a melhora das medidas preventivas poderia reduzir a carga mundial da morbidade em cerca de 70%", lamentou a OMS. "Um mundo fortemente desequilibrado em termos de saúde não é estável nem segura", disse a diretora-geral da organização Margaret Chan na divulgação do relatório em Almaty (antiga Alma-Ata), no Cazaquistão. Para a OMS, a volta dos cuidados com saúde primária poderia responder aos desafios contemporâneos, a saber a "globalização dos modos de vida precários, a urbanização rápida e desordenada, assim como do envelhecimento da população". A organização mundial da saúde concluiu passando a responsabilidade aos políticos, "que devem adotar expressamente as medidas adequadas".

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