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Debate dos presidencidáveis: nos dois primeiros rounds, deu Obama

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postado em 15/10/2008 08:00
As dificuldades à espera de John McCain no debate desta noite ; o último da campanha, a menos de três semanas da eleição ; podem ser avaliados pelo balanço dos dois primeiros confrontos. Ambos acabaram dominados pelo assunto que se impôs como fator central para a definição dos eleitores: a crise econômica. Nas duas ocasiões, as pesquisas feitas com espectadores deram vitória a Barack Obama. No primeiro encontro, realizado em 26 de setembro na Universidade do Mississippi, o tema originalmente programado era política externa e segurança. Parecia de encomenda para o veterano candidato republicano, herói de guerra no Vietnã, sempre julgado como o mais preparado para enfrentar crises internacionais. Logo na abertura, porém, o mediador convocou os debatedores a se pronunciarem sobre a quebradeira nos mercados internacionais. "Esse é o veredicto final para oito anos de políticas econômicas fracassadas que o presidente Bush promoveu e o senador McCain aprovou", disparou Obama, que se mostrou desde o início perfeitamente à vontade. O experiente candidato republicano mal disfarçou a insegurança e o desconforto, tentou inutilmente desvincular-se do presidente, um correligionário incômodo. McCain só conseguiu equilibrar a discussão quando as perguntas se voltaram para a guerra no Iraque e o combate ao terrorismo. Bateu na tecla da "inexperiência" e "ingenuidade" do rival, insistiu na defesa do reforço de contingente no Iraque ; ao qual Obama se opôs ; e na promessa de "sair com vitória" do país ocupado. A economia voltou a dar o tom no confronto do último dia 7, na Universidade de Belmont, no Tennessee. O tema era livre, mas dessa vez era o formato do debate que deveria favorecer a McCain: a modalidade town hall meeting, na qual os candidatos respondem a perguntas da platéia e circulam pelo palco, era o preferido da campanha republicana para todos os encontros. Mais uma vez, foi Obama quem começou melhor, culpando o governo Bush pela "pior crise financeira desde a Grande Depressão". McCain repetiu o ataque recorrente ao senador democrata ; "ele votou 92 vezes por aumentos de impostos ou contra reduções" ; e chegou a anunciar uma proposta de renegociação das dívidas de mutuários do crédito imobiliário. "Precisamos pensar nos americanos como vocês, não nas grandes instituições financeiras", retrucou Obama. Decepcionando os correligionários que esperavam agressividade e desenvoltura, McCain pareceu mais uma vez "travado" e contido. Segundo comentaristas, exagerou artificialmente nas tentativas de se aproximar da platéia e cometeu um sério deslize na única vez em que arriscou uma estocada no adversário: sem olhar para Obama, referiu-se a ele como that one "aquele ali". A indelicadeza não passou despercebida e virou slogan de campanha para os democratas, estampada em adesivos e camisetas com a foto do candidato.

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