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Entrevista com Eberhard Fetz: Ciência está perto de reverter a paralisia

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postado em 16/10/2008 07:40
Professor de fisiologia e biofísica do Centro de Pesquisa Nacional sobre Primatas da Universidade de Wasington, Eberhard Fetz acredita que a ciência está a poucos passos de fazer com que pacientes com lesão medular ou derrame voltem a dar valiosos passos ou a mexer os braços. Fetz e seu colega Chet T. Moritz conseguiram gravar a atividade neural de macacos e, com a ajuda de um computador, transformaram esses dados em sinais capazes de estimular o movimento nos animais. Eles conseguiram que neurônios não associados ao movimento cumprissem a função motora e devolvessem essa capacidade ao mamífero com paralisia temporária. Como os senhores conseguiram recuperar as atividades musculares nos braços de macacos temporariamente paralisados? A atividade dos músculos temporariamente paralisados foi recuperar enviando estímulos aos músculos controlados pela atividade de neurônios no córtex motor. Essa conexão artificial foi criada pela conversão da atividade dos neurônios, gravada com pequenos eletrodos no cérebro, por meio de um computador que aciona esses estímulos enviados por eletrodos aos músculos. Quais neurônios podem ser "cooptados" para assumir nova função de controle? Uma descoberta importante foi que qualquer neurônio no córtex motor poderia ser usado, não apenas aqueles com uma relação óbvia com o movimento das mãos. Até mesmo células não relacionadas poderiam ser voluntariamente controladas após um breve período de treinamento de biofeedback. Então esses neurônios poderiam ser conectados ao estimulador do músculo e usados para gerar forças musculares que induziriam um cursos de computador aos alvos. A medicina está mais perto de restaurar movimentos em pacientes com lesão na espinha dorsal ou derrame? Até que ponto isso é uma realidade? Sim, nós estamos mais próximos disso com esse tipo de experimentos. Outra técnica tem sido desbravada pelo brilhante neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, que desenvolveu técnicas para gravar grandes populações de neurônios corticais e converter a atividade decodificada para controlar braços robóticos e cursores de computador. Ao contrário das estratégias de decodificação, nosso método simplesmente conecta a atividade das células diretamente para o estímulo muscular e deixa que o cérebro aprenda a otimizar o controle. Que progressos e conquistas de sua pesquisa o senhor poderia destacar? Uma importante descoberta, penso eu, é que quase todo neurônio no córtex motor poderia ser usado para gerar sinais de controle. Isso também foi demonstrado muitos anos atrás por nossos experimentos mostrando o controle voluntário com biofeedback. A possibilidade de que tal controle possa derivar de células em muitas diferentes áreas do cérebro (além do córtex motor) sugere uma rica fonte de sinais de controle, o que compensaria a perda de neurônios em derrame no córtex motor. Quais serão os próximos passos de sua pesquisa? Um importante próximo passo é investigar como essa estratégia pode ser trabalhada para incluir números maiores de neurônios e para o controle de padrões mais complexos de estímulo muscular.

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