postado em 16/10/2008 16:29
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, entrou com uma ação na justiça nesta quinta-feira (16/10) contra o ex-chefe do serviço de inteligência da polícia, Yves Bertrand, que publicou na imprensa notas pessoais referentes à vida privada do chefe de Estado.
O ex-primeiro-ministro Lionel Jospin, também citado por Bertrand, chamou o caso de "um escândalo de Estado". Foi apresentada denúncia por calúnia, difamação e ataque à vida privada, segundo uma fonte ligada ao caso.
Segundo a revista francesa Paris-Match, o processo refere-se a anotações feitas por Bertrand, publicadas semana passada pela revista Le Point, que fazem menção ao recebimento em três oportunidades por Sarkozy "de 150.000 francos em seu gabinete" - cerca de 23.000 euros -, na época em que era ministro do Interior e superior hierárquico do policial.
As notas do ex-diretor central do serviço de inteligência policial (Renseignements généraux) fazem referência ao período de 1992 a 2004.
Sarkozy foi o primeiro presidente francês a processar, no dia 7 de fevereiro, o portal na internet da revista Nouvel Observateur por uma notícia na qual se mencionava um suposto telefonema de sua ex-mulher Cecilia Ciganer. Sarkozy desistiu da queixa algumas semanas depois.
A revista afirmou ter tido acesso a esses "carnês secretos" que revelam "indiscrições" e detalhes sobre casos político-financeiros recentes e sobre a vida privada e pública de personalidades políticas.
Os "carnês secretos" de Bertrand relatam ainda a suposta "bissexualidade" de um ex-ministro, a vida privada de Nicolas Sarkozy com sua ex-mulher Cécilia, ou o emprego fictício que teria beneficiado um "caso" de Jospin.
"Quando era primeiro-ministro (1997-2002), houve, na vã esperança de me comprometer, uma devassa em minha vida, na de minha família, de meus amigos e de membros de meu gabinete", ressaltou Jospin nesta quinta-feira.
A revelação dessas anotações suscitou grande polêmica no mundo político e reavivou o debate em torno de alguns métodos do serviço de inteligência policial, que se juntou este ano à DST (Direção de Vigilância do Território, contra-espionagem) em um serviço unificado, formando a Direção Central de Informações Internas (DCRI).
"Eu apresentei esta queixa porque Nicolas Sarkozy não pretende se contentar com o direito de resposta na imprensa", declarou à AFP o advogado do chefe de Estado, Thierry Herzog.