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Para ministro israelense, beatificação de Pio XII seria 'inaceitável'

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JERUSALÉM - A beatificação do papa Pio XII seria "inaceitável" pela atitude que manteve frente ao extermínio dos judeus pelos nazistas, afirmou o ministro israelense de Assuntos Sociais, Yitzhak Herzog, em trechos de uma entrevista divulgada nesta quinta-feira (23/10) pelo jornal Haaretz. "O projeto de tornar santo Pio XII é inaceitável", disse Herzog em entrevista que será divulgada integralmente na sexta-feira. "Durante a Shoa (genocídio nazista), o Vaticano sabia perfeitamente o que ocorria na Europa", acrescentou Herzog, cujas funções incluem a luta contra o anti-semitismo e as relações com as comunidades cristãs. "O Papa manteve silêncio e talvez tenha feito algo pior, em vez de se sublevar contra o sangue derramado", acrescentou Herzog, referindo-se a preceitos bíblicos. O papa Bento XVI defendeu na terça-feira a memória de Pio XII em uma missa pelo 50º aniversário de sua morte e manifestou seu desejo de beatificá-lo. Mas ainda não assinou o decreto sobre as "virtudes heróicas" de Pio XII, uma etapa indispensável para beatificá-lo, assim como o reconhecimento de dois milagres atribuídos a ele. O Estado hebreu não havia reagido até o momento a esse projeto. Eugenio Pacelli -que com o nome de Pio XII dirigiu a igreja Católica de 1939 a 1958- era núncio apostólico em Berlim quando Hitler chegou ao poder em 1933. A atitude de seu pontificado continua sendo tema de controvérsias. O processo de beatificação, que começou nos anos 60, é questionado tanto pelos judeus como até por parte dos católicos.