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Ingrid Betancourt escreverá livro sobre seu seqüestro em 2009

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postado em 26/10/2008 14:20
A franco-colombiana Ingrid Betancourt, que durante seis anos e quatro meses foi mantida refém pela guerrilha das Farc, anunciou neste domingo (26/10) em Viena, após receber o prêmio de "Mulher do Ano 2008", que dedicará parte de 2009 à escrita de um livro sobre sua experiência no cativeiro. "Me retirarei no início do ano que vem, provavelmente até setembro ou outubro", porque "acredito que chegou o momento de fazer algo mais, explicar para as pessoas o que eu vivi e compartilhar com elas meus pensamentos e sentimentos", disse Betancourt à imprensa. A ex-refém falou por ocasião da entrega da homenagem da organização World Awards, presidida pelo ex-líder soviético Mikhail Gorbachov. A entidade premiou Betancourt por "seu compromisso com a liberdade, a tolerância e a democracia". Ingrid Betancourt, que foi libertada no dia 2 de julho graças a uma operação do exército colombiano, anunciou que planeja "se isolar" na companhia de sua mãe "para ser capaz de escrever todas essas coisas, que se tornaram muito importantes". Aproveitando sua visita a Viena, Betancourt agendou um encontro com outra ex-refém famosa, a jovem austríaca Natascha Kampusch. Kampusch foi seqüestrada aos 10 anos de idade, quando ia para a escola, por um homem que a prendeu durante oito anos em sua casa, no subúrbio de Viena. Ela conseguiu fugir em 26 de agosto de 2006, e seu seqüestrador cometeu suicídio no mesmo dia. "Vou me reunir com alguém que está próximo do meu coração; será importante para as duas falar tranqüilamente de certas coisas", disse Betancourt, sem entrar em mais detalhes. "Sei que ela não foi capaz de explicar o que aconteceu", acrescentou, referindo-se ao silêncio que Kampusch mantém até hoje sobre a relação que mantinha com seu algoz. Betancourt falou ainda do caso de Josef Fritzl, austríaco que manteve a própria filha presa durante sete anos no porão de sua casa, estuprando-a regularmente. Ao todo, teve com ela sete filhos. "Não verei a família Fritzl porque estão em um local especial. Mas quero dizer o quanto quero bem a eles, o quanto os entendo, o quanto importam para mim", afirmou a franco-colombiana. Durante sua retirada da vida pública no ano que vem, Betancourt continuará à frente da fundação que está criando para continuar lutando pela libertação das "3.000 pessoas que ainda estão seqüestradas na Colômbia". Betancourt lembrou que um dos piores temores dessas pessoas é de que o mundo se esqueça delas: "um de meus companheiros de cativeiro, liberado depois, disse um dia que nós havíamos sido seqüestrados pelas Farc e pelo silêncio de nosso país".

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