postado em 27/10/2008 20:34
Os principais estrategistas dos candidatos John McCain e Barack Obama estão em pólos opostos: um lembra um fuzileiro naval dos mais agressivos, enquanto o outro mantém eternamente um semblante ranzinza - apesar de ter mais motivos para se alegrar, já que trabalha para o senador democrata, primeiro nas pesquisas de intenção de voto.
Mas David Axelrod, assessor político por trás da vertiginosa acensão de Obama, não transborda alegria. Com seus olhos baixos e seu vistoso bigode, se assemelha mais um professor tímido.
Mas as aparências enganam. Sem personalidade forte e senso de oportunidade, o ex-jornalista político não teria emergido como principal assessor da campanha democrata na feroz esfera pública de Chicago.
E Axelrod, de 53 anos, cavou o próprio nicho no setor: ficou conhecido por ajudar candidatos negros a se apresentarem para o eleitorado branco. Mas com Obama - que conhece há 17 anos - sua motivação parece ser pessoal.
Se Obama chegar à Casa Branca, seria "algo do que alguém poderá se orgulhar pelo resto da vida", disse Axelrod ao jornal The New York Times em janeiro de 2007, quando o senador por Illinois de 47 anos se preparava para anunciar sua histórica candidatura.
Já o principal estrategista do candidato John McCain, Steve Schmidt, com sua cabeça totalmente raspada, recebe com freqüência apelidos como "a bala", ou "míssil", devido a seu comportamento muitas vezes explosivo.
Natural da Califórnia, Schmidt foi responsável pelas operações políticas diárias de McCain em julho, que injetaram na campanha a tão necessária disciplina e colocaram em prática lições aprendidas na vitória do presidente George W. Bush em 2004.
Schmidt, de 38 anos, não gosta muito que a mídia o retrate como o "protegido" do guru político de Bush, Karl Rove. Mas suas implacáveis táticas de campanha se assemelham bastante às utilizadas pelo assessor do atual presidente americano.
McCain recebeu de seu principal assessor o comando de atacar Obama sem trégua, para tentar mostrá-lo como uma celebridade vazia, um radical de esquerda amigo de terroristas, que não tem condições de comandar os Estados Unidos.
Schmidt teve muito a ver também com a surpreendente decisão de McCain de escolher Sarah Palin, até então a quase desconhecida governadora do Alasca, como sua companheira de chapa, numa tentativa de não apenas cooptar o eleitorado feminino frustrado com a derrota de Hillary Clinton nas primárias democratas, mas também de mexer radicalmente com as peças no tabuleiro da disputa eleitoral.
A escolha de Palin, no entanto, parece ter sido contraproducente, e sob as orientações de Schmidt, pouco sobrou em McCain do político franco-atirador que enfrentou Bush em 2000 pela indicação nas primárias republicanas.
Na opinião do ex-assessor de campanha Mark McKinnon, esta era a única maneira de proceder em um ano eleitoral tão pouco favorável para os republicanos.
"Schmidt considerou todas as opções de estratégias disponíveis e escolheu a única via com chances de sucesso", afirmou McKinnon à revista Newsweek. "Seu trabalho é vencer, e não fazer a imprensa e os assessores de McCain felizes.
As estratégias de Schmidt e Axelrod - cujo mantra escolhido para Obama foi, desde o início, "mudança" - precisaram ser reescritas por causa da crise financeira.
Sob a batuta de Axelrod, Obama assumiu a imagem da transformação e da renovação, do líder incisivo capaz, no entanto, de manter a calma nos momentos difíceis. Schmidt, por sua vez, buscou apresentar McCain como um líder populista capaz de atuar em momentos de crise.
As pesquisas de intenção de voto, que a pouco mais de uma semana das eleições continuam mostrando Obama na frente, mostram que a estratégia de Axelrod parece ter dado certo.