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Obama visa à classe média, e McCain segue rumo liberal

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postado em 28/10/2008 13:30
WASHINGTON - Na reta final da disputa para a Casa Branca, o candidato democrata Barack Obama espera seduzir a classe média americana com seu programa econômico, enquanto o republicano John McCain segue uma linha mais tradicional de redução de impostos que beneficiem os mais ricos. Embora por prudência nenhum candidato tenha detalhado seu projeto econômico-financeiro, recentemente definiram as linhas gerais, principalmente depois da tempestade nos mercados e do fantasma da recessão, com seu corolário de embargos imobiliários e aumento do desemprego (6,1% no fim de setembro), se transformaram na primeira preocupação dos americanos. Para os economistas, Obama e McCain se diferenciam em três temas: impostos, assistência médica e aposentadorias, enquanto em termos de energia seus programas consistem sobretudo em que os Estados Unidos sejam menos dependentes do petróleo do Oriente Médio, com uma inclinação mais ou menos marcada para a energia nuclear. "McCain quer aplicar a mesma política fiscal que Bush, com reduções de impostos para os mais ricos. Obama quer voltar a levar os impostos para os que têm renda superior a 250.000 dólares por ano aos níveis da era Clinton" para reduzir a carga fiscal para a classe média e financiar outros projetos, disse Dean Baker, do Center for Economic and Policy Research (CEPR, de orientação de esquerda). Segundo Obama, 95% dos americanos se beneficiariam com uma redução dos impostos. McCain chama o adversário de "socialista" que quer redistribuir a riqueza e propõe, ao contrário, reduzir de 35% para 25% os impostos pagos pelas empresas assim como para a poupança e os fundos de aposentadorias privadas. O candidato republicano prometia há até pouco tempo equilibrar o orçamento antes do final de seu eventual mandato, em 2013. Mas seus assessores afrouxaram quando os EUA anunciaram um plano de 700 bilhões de dólares para desbloquear o mercado de crédito que deve estourar o déficit orçamentário, com uma dívida já superior aos dez bilhões de dólares. Os impostos sobre os altos rendimentos defendidos por Obama devem estimular o emprego com créditos fiscais para cada vaga criada (3 mil dólares), para investir em educação, infra-estrutura e energias alternativas, e para estender -também mediante incentivos fiscais- a cobertura de saúde, da qual carecem cerca de 46 milhões de americanos. Max Wolff, professor de economia na New School de Nova York, lembrou que em 30 anos, os Estados Unidos se tornaram um dos países com maior desigualdade do mundo, com 20% dos americanos concentrando a metade da riqueza nacional. McCain quer cortar as deduções de impostos das quais se beneficiam os empregadores quando concedem aos funcionários plano de saúde, o que levará à subscrição totalmente individual e voluntária ao seguro médico. Outra importante diferença está no sistema de aposentadoria, que McCain quer privatizar totalmente. "Ele argumenta que, com isso, vai garantir melhores rendimentos, mas é nada mais que uma maneira de forçar as pessoas a colocarem seu dinheiro em financeiras", denunciou Dean Baker, lembrando que "para dois terços dos aposentados o regime geral representa a maior parte de sua renda com uma pensão média de 1.000 dólares ao mês". Embora McCain insista num tom liberal de distanciamento do Estado da economia, está longe de convencer os mais ortodoxos. Para Dan Mitchell, do Cato Institute (direita), a batalha presidencial está sendo entre Obama, "um esquerdista e coletivista que pretende ser moderado, e McCain, um moderado que pretende ser de direita".

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