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Namíbia realiza primeiro leilão de marfim em 10 anos na África Austral

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WINDHOEK - O primeiro leilão de marfim em 10 anos na África Austral, que venderá ao todo 108 toneladas de presas de elefantes em vários países da região, começou nesta terça-feira (28/10) na Namíbia. O ministro namíbio do Meio Ambiente, Leon Jooste, anunciou que três compradores japoneses e três chineses arremataram ao todo 7,2 toneladas de marfim por 1,18 milhão de dólares nesta primeira rodada do leilão, que teve entrada proibida ao público e à imprensa. "Colocamos em leilão nove toneladas, mas a 1,8 tonelada restante será utilizada por joalheiros e escultores locais", indicou Jooste à imprensa. Estas vendas continuarão em Botswana (onde se serão leiloadas 44 toneladas na sexta), Zimbábue (4 toneladas em 3 de novembro) e África do Sul (51 toneladas em 6 de novembro). O leilão de marfim foi aprovado em julho passado pela Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora Selvagens ameaçadas de Extinção (CITES). O marfim leiloado provém dos depósitos governamentais. São presas de elefantes mortos por causas naturais ou que morreram sob controle oficial para evitar a superpopulação. Mas os defensores da natureza denunciaram esta venda por entender que "incentivará os caçadores furtivos a lavar seus estoques ilegais". A Ásia, muito interessada no marfim para confeccionar seu artesanato, é o mercado mais importante das vendas ilegais do produto, enfatizou Michael Wamithi, à frente do programa para os elefantes do Fundo Internacional para a Proteção dos Animais (IFAW). Mas tanto para a CITES como para TRAFFIC, um programa que vela pelo comércio as espécies selvagens, estes leilões foram bem organizados e adotaram medidas para garantir que os caçadores de marfim não sejam favorecidos. Os lucros obtidos nesses leilões serão utilizados para a conservaçao dos elefantes, segundo a CITES. O último leilão, realizado em 1999, permitiu arrecadar cinco milhões de dólares. No entanto, a partir de 1997, os países da África Austral tiveram autorizada apenas as vendas pontuais, caso a situação dos elefantes na região assim o permitissem. A população de elefantes na África Austral está crescendo e hoje em dia há mais de 312 mil exemplares, segundo a CITES.