postado em 29/10/2008 17:32
O governo de Cuba espera que, caso saia vencedor nas eleições americanas, o candidato democrata Barack Obama seja "coerente" com sua promessa de mudança nos Estados Unidos e levante o embargo contra Havana, afirmou em Nova York o chanceler cubano Felipe Pérez Roque.
"O correto, o coerente em relação ao discurso de Obama, inclui mudar o bloqueio contra Cuba e manter relações normais e respeitosas com nosso país que, de nenhuma maneira representa uma ameaça para os Estados Unidos", disse Pérez Roque à imprensa na sede da ONU.
No entanto, acrescentou, "se forem impostos os interesses de grupo, em particular da máfia de origem cubana que controla o sul da Flórida e que exerce uma grande influência, talvez não se possa avançar".
Pérez Roque mencionou Obama em seu discurso na Assembléia Geral da ONU, que condenou nesta quarta-feira, quase que por unanimidade o embargo americano.
"O bloqueio é mais velho que o senhor Barack Obama e que toda minha geração", disse Pérez Roque. "Dentro de algumas horas será eleito um novo presidente dos Estados Unidos, acrescentou. "Este deverá decidir se admite que o embargo é uma política fracassada, que provoca cada vez um maior isolamento e descrédito a seu país ou se vai persistir, com obcecação e crueldade, na tentativa de render o povo cubano pela fome e a doença".
Posteriormente, depois da votação, e em resposta a uma pergunta da AFP sobre a eventual vitória eleitoral de Obama, o chanceler comentou que "gostaríamos que não fosse necessário o transcurso de mais um ano para votarmos", na ONU.
"Gostaríamos que, no próximo ano, os Estados Unidos retificassem sua política ilegal violadora de nossos direitos e do direito internacional que, além disso, isola o governo" americano. No total, 185 países apoiaram Cuba na votação da Assembléia Geral, contra apenas três votos contra e duas abstenções.
"Esta é uma vitória histórica - disse Pérez Roque - pela clareza com que, durante o debate, ficou expresso o isolamento absoluto da política dos Estados Unidos para Cuba".
Os Estados Unidos, acrescentou, "estão na solidão mais absoluta, sua política é questionada e, acredito, a mensagem de hoje foi a mais contundente e a mais transparente emitida pelas Nações Unidas".