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Vaticano recorrerá a psicólogos para evitar seminaristas homossexuais

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postado em 30/10/2008 16:04
O Vaticano anunciou nesta quinta-feira (30/10) que recorrerá a psicólogos para avaliar se os candidatos dispostos a entrar nos seminários são homossexuais. Em um documento divulgado pela Congregação para a Educação Católica, o Vaticano considera que o emprego de psicólogos pode ser "útil em certos casos". Entre os sintomas que os psicólogos deverão detectar estão "as dependências afetivas fortes", a "identidade sexual incerta" e "a tendência arraigada à homossexualidade", indica o texto. A "rigidez de caráter" também está entre as preocupações da hierarquia da Igreja no momento de selecionar os futuros sacerdotes. O recurso a psicólogos, que não farão parte do corpo docente, deverá contar com "o consentimento prévio, livre e explícito do candidato" a sacerdote, indica a instrução. O documento, que tem o título "Orientações para o uso das competências da psicologia na admissão e formação dos candidatos ao sacerdócio", foi preparado durante seis anos e aprovado pelo papa Bento XVI. Os psicólogos poderão dar um diagnóstico e indicar terapias caso se manifestem problemas psicológicos. As medidas foram ordenadas pelo papa João Paulo II, depois da eclosão de vários escândalos de pederastia praticada por sacerdotes da Igreja Católica. Os escândalos, em particular em Estados Unidos, América Latina e Europa, afetaram a imagem da Igreja Católica, que em alguns países foi obrigada a pagar indenizações milionárias. A doutrina católica considera a homossexualidade algo intrinsecamente equivocado e a nova disposição considera que homossexuais não poderão se tornar sacerdotes. "Muitas incapacidades psicológicas mais ou menos patológicas se pronunciam apenas depois da ordenação como sacerdote", admite o livreto de 17 páginas. "Os erros em discernir a vocação não são raros", enfatiza. O Vaticano limita o uso de psicólogos na seleção e formação de seminaristas e descarta a realização de testes. Igualmente adverte que os psicólogos deverão aderir ao "conceito cristão da personalidade humana", principalmente em questões como celibato e sexualidade. "Isso é puro racismo, a típica obsessão homofóbica da hierarquia eclesiástica", reagiu Franco Grillini, presidente da associação homossexual italiana, Gaynet. "A orientação sexual de um padre deveria ser irrelevante, já que o que a igreja exige é sua castidade. Uma medida assim contribui apenas para alimentar a exclusão", acrescentou. Para alguns o desejo de afastar a cultura gay dos seminários, onde esse fenômeno se manifestou, acaba por esconder o problema sem resolvê-lo. Outra associação italiana de homossexuais, Arcigay, se ofereceu para assessorar o Vaticano para detectar os homossexuais latentes, em um comunicado divulgado na imprensa. "Se o problema existe nos seminários, também está entre os sacerdotes consagrados. Nós nos oferecemos para ajudar a reconhecer todos os homossexuais que se refugiam no Vaticano. Os palácios sagrados vão tremer", anunciaram em tom provocador. "A homossexualidade ainda que não praticada é um desvio, uma irregularidade, uma ferida", reiterou o cardel Zenon Grocholewski, prefeito da congregação vaticana para a educação.

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