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Obama quer união

Candidato democrata admite convidar republicanos e independentes para compor o gabinete na Casa Branca. Campanha esquenta e McCain acusa rival de não controlar lucros das empresas petrolíferas

postado em 31/10/2008 07:49
O senador democrata Barack Obama pode montar um governo de união nacional, com a participação de republicanos e independentes no gabinete, caso se torne presidente dos Estados Unidos na terça-feira. Embora se recuse a detalhar o tema, apesar da liderança nas pesquisas, o candidato já teria inclusive nomes para compor o primeiro escalão. ;Tenho algumas idéias, mas a prioridade é a campanha. A vitória não está garantida;, afirmou. ;Haverá um processo de transição, do qual não trato diariamente, mas que precisa ser estabelecido;, disse o candidato democrata à rede de TV ABC News. Ele afirmou que a presença de republicanos em seu ministério seria ;extremamente importante;, mas evitou especular sobre a permanência do secretário de Defesa, Robert Gates ; responsável pela operação que reduziu a insurgência no Iraque a níveis aceitáveis, por meio do reforço de soldados e trocas de comando. Em Washington, há rumores de que os dois presidenciáveis estariam dispostos a preservar Gates no Pentágono. ;Não vou entrar em detalhes, mas a política de segurança nacional deveria ser um tema bipartidário;, declarou Obama. Outras pessoas cotadas para o Departamento da Defesa são o ex-secretário da Marinha Richard Danzig e o senador republicano Chuck Hagel. Ouça minidocumentário sobre o candidato democrata Barack Obama Com medo do ;já ganhou;, Obama prefere evitar especulações. Ele sabe que contará com todos os recursos para trabalhar no período de transição e elogiou a disposição do governo Bush de facilitar o trabalho da futura administração. Alguns analistas defendem que logo depois do anúncio da vitória o presidente eleito deveria indicar rapidamente os novos secretários de Tesouro, Defesa e Estado, o que evitaria especulações envolvendo a crise financeira global e as guerras do Iraque e do Afeganistão. O democrata, no entanto, evita o tema: ;Não quero queimar a largada;, afirmou. McCain O candidato republicano, John McCain, voltou a atacar Obama. Aproveitando a divulgação do balanço recorde da Exxon Mobil, ele acusou o adversário de não se empenhar em conter os lucros das empresas de petróleo, pois apoiou benefícios fiscais para o setor em 2005. ;Quando for presidente, não deixarei que isso ocorra. O senador Obama votou a favor de bilhões em isenções corporativas para as companhias do petróleo. Eu votei contra;, ressaltou McCain em um comício na cidade de Defiance, no estado de Ohio. ;Se for eleito, vamos parar de gastar US$ 700 bilhões por ano no petróleo de países que não gostam de nós. Vamos explorar a plataforma marítima, e vamos perfurá-la agora;, afirmou. O candidato democrata está à frente de McCain nas pesquisas nacionais de voto e em estados estratégicos, como Flórida e Ohio. Durante o comício em Sarasota, na Flórida, Obama usou dados recentes do governo e lembrou que os EUA sofreram a maior retração econômica em sete anos. Na opinião dele, a redução do Produto Interno Bruto (PIB) reflete o fracasso da política aplicada pela Casa Branca e defendida, em campanha, pelo Partido Republicano. ;Se vocês querem saber para onde John McCain levará a economia é só olhar no retrovisor;, disse ele, retomando o slogan de uma nova propaganda eleitoral. ;Quando se trata de economia, John McCain está ao lado de Bush. Está sentado no banco do passageiro, pronto para assumir. A questão central nesta eleição é: o que o nosso próximo presidente fará para nos levar para uma direção diferente?;, acrescentou Obama. COMERCIAL TEM GRANDE AUDIÊNCIA O anúncio de campanha de 30 minutos veiculado pelo democrata Barack Obama na noite de quarta-feira em seis redes de TV dos Estados Unidos foi sucesso de audiência. Cerca de 26,4 milhões de espectadores em três grandes redes de TV dos EUA (Fox, CBS e NBC) assistiram ao comercial, que teve um custo total de US$ 11 milhões, o mais caro das campanhas eleitorais norte-americanas ; US$ 6 milhões para as emissoras e US$ 5 milhões em produção. A média no horário de transmissão, às 20h (hora local) é 2,1 milhões menor. No entanto, o anúncio atraiu menos de metade dos 57,4 milhões de espectadores que acompanharam, em média, cada um dos três debates presidenciais, transmitidos por 11 redes. ONDE ESTÁ JOE? John McCain sentiu ontem a ausência de ;Joe, o encanador;, que se tornou símbolo da campanha republicana para retratar pequenos empresários ameaçados pelos aumentos de impostos prometidos pelo democrata Barack Obama. ;Joe está conosco hoje. Joe, onde você está? Onde está, Joe?;, indagou McCain, em Ohio, sem resposta. O encanador só participou de outro comício, mais tarde. Os cotados Possíveis nomes para um eventual gabinete de Obama Departamento de Estado São várias as opções. Os democratas Bill Richardson (muito influente na comunidade latina), John Kerry, da Comissão de Relações Exteriores do Senado, e Richard Lugar, senador republicano especialista em segurança energética. Departamento de Defesa Chuck Hagel, senador pelo Nebraska, é um dos cotados. Ele serviu no Vietnã e está em seu segundo mandato. Outra hipótese é que Robert Gates, atual titular da pasta, continue no cargo. Departamento de Energia Brian Schweitzer, governador de Montana ; um dos governadores de maior aprovação ;, aparece na lista de candidatos. Arnold Schwarzenegger, republicano que governa a Califórnia, é outro possível nome. Departamento de Comércio Independente, a governadora do Kansas em segundo mandato, Kathleen Sebelius, é uma das indicadas. Ed Rendell, democrata que governa a Pensilvânia, é outro especialista na área. Antecipação faz sucesso Imagine poder votar antes do dia das eleições. Evitar filas, atrasos ou confusões na urna. Agora, imagine poder dar seu voto para escolher o próximo presidente em um supermercado com uma urna da lado de caixas de batata ou cebola. Ou aproveitar o passeio ao shopping para votar depois de fazer compras. Algo inimaginável para os brasileiros, isso é bem real para os norte-americanos. A votação antecipada nunca foi tão popular nos Estados Unidos. A estimativa é de que, até o dia de hoje, 17 milhões de eleitores já tenham ido às urnas, índice maior que em qualquer eleição anterior. O sucesso da votação antecipada mostra que o esforço feito pela campanha de Obama valeu a pena. A maioria dos eleitores que estão indo às urnas antes de 4 de novembro são registrados como democratas. ;Estamos vendo afro-americanos e democratas aparecerem para votar em uma escala muito maior do que no passado;, afirmou o professor Michael McDonald ao jornal The Washington Post. Ele dirige um estudo da Universidade George Mason sobre a votação antecipada e acredita que os republicanos tendem a votar mais pelos correios, o que é permitido nos Estados Unidos. Os democratas foram os que mais compareceram às seções de vários estados, como Iowa, Carolina do Norte, Flórida, Colorado, Novo México e Nevada. George W. Bush venceu nesses seis estados em 2004 e, agora, eles são cobiçados por Obama. Na Flórida, que concentra 10% dos delegados do Colégio Eleitoral que escolhe o presidente, as filas se multiplicaram nos últimos dias. O governador Charlie Crist estendeu a votação por mais duas horas ao dia. Mais de um terço dos eleitores já compareceram, e o prazo para votar antes da próxima terça-feira termina hoje. ;Votar é sempre um problema para nós, enfermeiras;, disse Donna J. Simmons ao The New York Times. A eleitora de Cleveland se antecipou porque vai trabalhar em um turno de 12 horas na terça-feira. ;Acho que oportunidades como esta (de votar mais cedo) são uma coisa maravilhosa, porque votar é sempre um desafio para pessoas como eu.; Em estados como Colorado, Nevada, Novo México e Carolina do Norte, mais de 50% dos eleitores já votaram. Em Nevada, região conhecida por ser um grande reduto republicano, 53,7% dos eleitores antecipados se declaram democratas, enquanto 29,6% se disseram republicanos, e 16,7% independentes, segundo dados da Universidade George Mason. Na cidade de Henderson, a votação ocorria ontem num shopping. As máquinas de votação ficam espremidas entre duas lojas de jóias, uma de cosméticos e outra de departamento. ;Foi divertido;, disse ao jornal nova-iorquino Christie Kaminska, de 20 anos, que escolheu Barack Obama em seu primeiro voto presidencial. ;Eu tenho aula na terça-feira e escutei alguém na escola dizer que a gente poderia votar aqui. Além disso, eu precisava devolver umas coisas em uma loja.;

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