Jornal Correio Braziliense

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Bombardeios à rede Al-Qaeda

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Dois aviões não-tripulados dos Estados Unidos (UAVs) realizaram ataques nas áreas tribais do Paquistão, região autônoma, junto à fronteira com o Afeganistão, dominadas pelos pashtuns ; etnia que oferece abrigo à rede terrorista Al-Qaeda e aos rebeldes fundamentalistas do Talibã. Pelo menos 27 pessoas morreram nas duas ações, inclusive um especialista iraquiano em montagem de minas terrestres improvisadas. Em apenas dois meses, é o 17º bombardeio promovido pelos Estados Unidos em território paquistanês, coincidindo com a última fase da disputa eleitoral para a Casa Branca. O uso da tática foi implementado depois que o major-general David Patreus assumiu o comando do conflito afegão. Abdur Rehman (ou Abu Akash) foi enviado pela resistência iraquiana para treinar militantes da Al-Qaeda e do Talibã no preparo de minas improvisadas. Responsáveis pela maioria das baixas norte-americanas, esses artefatos são fabricados a partir de projéteis de artilharia disparados por meio de celulares. O militante islâmico cometeu um erro básico: ele denunciou sua presença levando uma vida de ostentação em Mir Ali, segunda maior cidade do Waziristão do Norte e reduto para militantes islâmicos, especialmente árabes e centro-asiáticos. De acordo com especialistas em terrorismo, o saudita Osama bin Laden ; fundador da Al-Qaeda ; e seu vice, Ayman Al-Zawahiri, estariam escondidos nessa região. Os dois mísseis foram lançados por um Predator e atingiram uma casa, que pegou fogo. Vinte pessoas morreram. Duas horas depois, outro Predator disparou dois mísseis contra uma residência na cidade de Wana, no Waziristão do Sul, onde também há concentração de militantes. Sete pessoas morreram. Desde o começo da ofensiva, não houve lideranças de primeiro escalão da Al-Qaeda e do Talibã entre as vítimas. Aliado frustrado A constância dos ataques trouxe tensão às relações entre os Estados Unidos e o Paquistão, aliado de Washington no combate ao terrorismo. Os EUA raramente confirmam ou negam o lançamento de mísseis e a identidade das vítimas quase nunca é revelada publicamente. Moradores locais afirmam que vários ataques deixaram civis mortos, incluindo mulheres e crianças. Os bombardeios de ontem ocorreram dois dias depois de uma reunião entre o governo do Paquistão e o embaixador norte-americano. No encontro, líderes paquistaneses protestaram contra as ofensivas e exigiram que elas fossem interrompidas imediatamente. As tropas do Paquistão também lutam contra militantes na fronteira do país. No entanto, o governo sustenta que os ataques americanos minam os esforços para isolar os terroristas e causam insatisfação na opinião pública.