postado em 03/11/2008 16:31
A eleição presidencial americana acontece nesta terça-feira (04/11), mas há meses os dois candidatos à Casa Branca, John McCain e Barack Obama, preparam-se para uma tarefa delicada e que apenas um deles terá de executar: transformar uma equipe de campanha em máquina de governo.
O vencedor terá apenas 77 dias, até a cerimônia de posse, em 20 de janeiro, para se instalar e dar uma nova orientação à presidência.
Desta vez, a transição, que se tornou, no decorrer do tempo, cada vez mais policiada e ritualizada desde a primeira passagem do bastão entre George Washington e John Adams, em 1797, promete ser delicada, devido à excepcional crise financeira que atinge os Estados Unidos. Sem contar, obviamente, com os mais de 150 mil soldados americanos estacionados no exterior.
"É preciso remontar a 1933 para achar uma transição tão difícil quanto esta", declarou o diretor de Estudos sobre Governança da Brookings Institution, Darrell West, referindo-se à chegada de Franklin D. Roosevelt ao poder, em plena crise financeira.
"Estamos frente a uma situação econômica ruim, duas guerras e um novo presidente que não tem dinheiro para resolver os principais problemas", resumiu.
Diferentemente de outros países, onde há continuidade no funcionalismo público, a maioria dos cargos no governo americano é de natureza política. São comuns as histórias de colaboradores da Casa Branca, que descobrem que arquivos desapareceram e que estão impossibilitados de continuar a trabalhar.
É conhecida a anedota: o presidente Harry Truman ignorava completamente o assunto da bomba atômica, uma tecnologia ainda recente, quando substituiu Franklin Roosevelt após sua morte, em 1945.
"Logo após a eleição, sobretudo, se for Barack Obama (o eleito), é preciso que uma equipe decisória esteja pronta", avaliou a professora de Ciência Política na Towson University Martha Kumar.
Esse grupo deve incluir o secretário-geral da Casa Branca, um diretor de pessoal, conselheiros jurídicos, uma equipe de comunicação, conselheiros em matéria de Segurança Nacional, um conselheiro econômico e um diretor de Orçamento, acrescentou.
Em caso de vitória do democrata Barack Obama, os analistas acreditam que sua prioridade será nomear o secretário da Defesa - o nome do atual, Robert Gates, é cogitado - e o secretário do Tesouro.
Considerando-se a crise financeira, se o republicano John McCain for eleito, ele também deve apresentar, rapidamente, uma equipe econômica capaz de tranqüilizar os mercados.
O novo presidente pode nomear até 7.000 funcionários para servir em sua administração. Em um primeiro momento, porém, ele se contenta, geralmente, com preencher os postos mais sensíveis.
Se Obama vencer, terá, sem dúvida, mais facilidade do que McCain para conseguir o aval do Senado para essas nomeações, já que os democratas são maioria no Congresso.
Na verdade, ambos os candidatos se preparam há meses para essa transição, mesmo que não possam assumir isso muito abertamente.
John Podesta, ex-secretário-geral da Casa Branca no governo de Bill Clinton, comanda a equipe encarregada da transição para Obama. O homem-chave de McCain para essa tarefa é John Lehman, ex-secretário da Marinha em Ronald Reagan.
O presidente Bush já pediu que 8,5 milhões de dólares do Orçamento 2009 sejam dedicados à transição, e a equipe de novo presidente terá escritórios na Casa Branca, assim como receberá briefings sobre todos os assuntos.