postado em 04/11/2008 09:33
BRUXELAS - Mais 100 milhões de pessoas se unirão em um ano aos mais de 900 milhões de cidadãos com fome no mundo, advertiu o diretor geral da Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Jacques Diouf, que denunciou uma agricultura mundial "injusta".
"Enfrentamos uma situação na qual o número de pessoas que têm fome no mundo alcançou no último ano 923 milhões, o que significa 75 milhões a mais que em 2007", afirmou Diouf em uma conferência sobre o futuro da Política Agrícola Comum (PAC) da União Européia na Eurocâmara.
"Segundo nossas projeções, se a situação permanecer assim, em um ano teremos mais 100 milhões", acrescentou, antes de questionar novamente as promessas não cumpridas de doações dos países ricos e a organização da agricultura no mundo.
Ao afirmar que em 2050 o mundo terá que ter alimentos para nove bilhões de habitantes, Diouf ressaltou a importância de manter um setor agrícola tanto nos países industrializados como nas nações em desenvolvimento.
"É norma defender um nível apropriado de recursos dos agricultores nos países desenvolvidos, mas é preciso fazê-lo de maneira que não tenha como efeito impedir que os agricultores do terceiro mundo produzam", acrescentou.
"A PAC e as 'farm bills' (subsídios agrícolas nos Estados Unidos) penalizam os agricultores do terceiro mundo e temos uma agricultura injusta quanto ao comércio internacional", insistiu.