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Queniano fala sobre Obama: "Ele é um Luo, um filho da terra"

James Wariero, 30 anos, farmacêutico. Mora em Kisumu, a 85km de Nyang'oma Kogelo -- vilarejo onde vive Sarah Onyango, a avó paterna de Barack Obama

postado em 06/11/2008 07:52
James Wariero, morador de KisumuAs pessoas estão em clima de carnaval. Passei pelo centro da cidade hoje (ontem) e havia um grupo de pessoas que ontem (terça-feira) realizavam uma eleição simulada, com duas urnas -- uma para o senador Barack Obama e outra para o senador John McCain. Muitas pessoas 'votaram'. Hoje (ontem), eles faziam uma procissão com um boneco em tamanho real do Obama, cercado por bicicletas-táxis chamadas de 'boda-boda'. O presidente aqui também declarou feriado nacional público nesta quinta-feira e eu acabei de receber um e-mail de minha empresa informando a todos os funcionários que amanhã não haverá trabalho. As pessoas estão muito alegres! Elas sentem ter parentesco com ele, ainda que ele seja americano, porque seu pai nasceu a poucos quilômetros daqui. Graças a nosso sistema patriarcal, não importa para os moradores de Obama nasceu e se socializou como americano. Para eles, Obama é um Luo e filho da terra. Eu estou muito grato por Obama, especialmente pela inspuiração de sua história improvável e pelo que isso deve significar para as pessoas de cor nos Estados Unidos. A vitória de Obama representa uma enfática declaração da promessa da América (eu sempre achei declarações como o sonho americano um pouco frívolo) e de como as pessoas estavam se tornando cínicas em relação aos Estados Unidos. A declaração inequívoca de que qualquer pessoa pode ser qualquer coisa se colocar sua mente para ressoar além dos Estados Unidos e do mundo. Estamos acostumados a ver afro-americanos se comportando como se admirasse coisas como tiroteios, ir para a cadeia (com seus jeans caídos) e falar um péssimo inglês. Por ser o filho de um africano e não ter ligação direta com a escravidão (ainda que isso permaneça nos ombros dos descendentes de escravos, como Martin Luther King e Jesse Jackson e o movimento de direitos civis), ele forneceu a perfeita ponte na qual as pessoas brancas não estavam preocupadas que ele abrigasse amargura pelo passado. Ele deve agora pavimentar o caminho para os descendentes dos escravos aspirarem também a Presidência dos Estados Unidos.

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