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Presidente eleito escolheu palavras para responder felicitações enviada pelo Teerã

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postado em 08/11/2008 09:15
O Irã, um dos temas de política externa mais controversos durante a campanha pela Casa Branca, foi assunto da pergunta que fez Barack Obama perder a habitual fluidez de discurso, durante a primeira coletiva como presidente eleito dos Estados Unidos. Questionado sobre a mensagem de congratulações que recebeu do chefe de Estado iraniano, Mahmud Ahmadinejad, Obama precisou de alguns segundos de reflexão, durante a resposta, para escolher as palavras com as quais se referir ao país que George W. Bush elegeu como ;inimigo número um;. ;Vou examinar a carta do presidente Ahmadinejad e vou responder da maneira apropriada;, disse o presidente eleito, lembrando em seguida que sua vitória tem ;apenas três dias;. Escaldado pela polêmica que travou com o rival John McCain, que o chamou de ;ingênuo; por admitir a possibilidade de diálogo com o regime islâmico, Obama tratou logo de classificar como ;inaceitável; que o Irã desenvolva armas nucleares ou ;apóie terroristas;. Mas deixou transparecer alguma insegurança. ;Obviamente, a maneira como se aproximar e lidar com um país como o Irã é uma coisa que você não pode%u2026 sabe%u2026 simplesmente decidir com as pernas tremendo. É preciso pensar bem;, afirmou. Obama aproveitou a ocasião para reiterar que ;nós temos só um presidente por vez;, como havia assinalado na discussão sobre a crise econômica. ;Quero ser muito cuidadoso quanto a mandarmos o sinal correto para o mundo inteiro, de que eu não sou o presidente e não serei até 20 de janeiro.; Ainda sobre as relações com o atual mandatário, o sucessor agradeceu o ;convite gentil; de Bush e da primeira-dama, Laura, para que ele e a mulher, Michelle, visitem a residência oficial. ;Estou certo de que, além de um tour pela Casa Branca, haverá uma conversa substancial entre mim e o presidente.; No campo da política doméstica, Obama reiterou a disposição, afirmada incessantemente durante a campanha, de ;entrar lá (na sede do governo) com espírito bipartidário e a noção de que o presidente e vários líderes do Congresso reconhecem a gravidade da situação;. O vencedor fez questão de lembrar que o país ;acaba de concluir um dos ciclos eleitorais mais longos registrados na história;, e renovou o apelo à união do país para cuidar de ;uma economia em mau estado;: ;Este é um bom momento para deixarmos de lado a política partidária e pensar de maneira prática em como colocar a economia para a frente;. Gabinete O senso de urgência transmitido com relação à crise não se reproduz, entretanto, na definição da equipe de governo. Ao contrário, o presidente eleito foi enfático na tentativa de conter a ansiedade dos repórteres pelas próximas nomeações, e tomou como exemplo as duas principais escolhas que julga ter feito, começando pela do companheiro de chapa, o senador Joe Biden. ;Sei que as pessoas querem saber quem estará na equipe, e quero me movimentar com toda a presteza e ponderação. Mas quero enfatizar tanto ;ponderação; quanto ;presteza;. Tenho orgulho da escolha que fiz para vice, em parte porque foi a escolha certa. Estou orgulhoso da escolha do chefe de Gabinete (o deputado Rahm Emanuel), porque foi uma escolha pensada.; Obama se esquivou de comentar sobre os relatórios de inteligência que já recebeu, mesmo diante da insistência dos repórteres para saber se algo do que lhe foi revelado o levaria a rever posições expressas durante a campanha. ;Bem, você sabe, se houve alguma coisa assim, não posso contar;, respondeu o futuro comandante-em-chefe. Ele não quis, igualmente, se estender em comentários sobre a situação atual do setor de inteligência, que passou por um intenso e profundo processo de mudanças em resposta aos atentados de 11 de setembro de 2001. ;Nosso processo de inteligência sempre pode ser aperfeiçoado, acho que já melhorou. Mas, antes de tudo, eu não devo é comentar sobre o teor dos informes.; Primeiro-vira-lata O momento de descontração na primeira coletiva de Barack Obama foi propiciado por uma pergunta sobre a escolha do cachorro que acompanhará a família presidencial na mudança para a Casa Branca. O presidente eleito havia mencionado o tema no discurso de posse, e a discussão sobre a raça mais adequada ganhou espaço no site oficial da campanha. Ontem, Obama deu a entender que mais provavelmente será ;um vira-lata, como eu;. ;Essa é uma questão maior;, brincou o presidente eleito, para em seguida encenar com toda a seriedade uma exposição sobre os ;critérios; da seleção. ;O primeiro é que Malia (a filha mais velha) é alérgica, então terá de ser uma raça hipoalergênica;, começou. ;Por outro lado, nossa preferência é que seja um cachorro de abrigo, e eles na maioria são vira-latas, como eu;, prosseguiu, para encerrar o assunto que definiu como ;uma questão premente para os Obama;. A Casa Branca coleciona uma galeria de cachorros célebres. Buddy, o labrador de Bill Clinton, teve o nome escolhido por internet. Barney, o scottish terrier de George W. Bush, mordeu ontem um repórter de plantão na Casa Branca. A seriedade da coletiva havia sido quebrada pelo próprio presidente eleito, que chamou a repórter pelo nome e perguntou sobre o braço que ela apoiava em uma tipóia. ;Foi quando eu corri para ouvir seu discurso na noite da eleição;, explicou a jornalista. Os risos aumentaram quando Obama disse que esse foi ;o incidente mais sério; da festa no Grant Park, em Chicago.

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