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Parlamentares dos EUA debatem o novo pacote de estímulo à economia

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postado em 08/11/2008 09:30
Enquanto Barack Obama dava sua primeira entrevista depois de eleito, ontem à tarde, continuavam no Congresso as conversas para a conclusão do novo pacote para salvar a economia americana da crise financeira. Nesta semana, os democratas desenharam um plano de US$ 60 bilhões a US$ 100 bilhões para estimular a economia, baseado no aumento imediato dos gastos públicos e novos cortes nos impostos para a classe média no início do próximo ano. O pacote deve ser concluído ainda neste mês, se os republicanos deixarem de lado as críticas ao projeto e concordarem que o presidente George W. Bush precisa assinar a medida. O plano prevê mais verbas para obras de infra-estrutura capazes de aumentar o número de postos de emprego no país, uma extensão de 13 semanas no seguro-desemprego, fundos adicionais para o programa de ajuda alimentar das pessoas de baixa renda e ajuda aos governos estaduais com mais dificuldade de cobrir gastos de saúde. As montadoras de automóveis também esperam uma nova rodada de empréstimos a juros baixos com dois objetivos: compensar a redução das vendas e prepará-las para a produção de veículos eficientes em biocombustíveis. Os congressistas já aprovaram um empréstimo de US$ 25 bilhões a esse setor da economia e também consideram diminuir os impostos para a aquisição de novos veículos. Outra proposta da qual Obama não abre mão é a redução dos impostos cobrados de famílias das classes média. A ajuda do governo a essa parcela da população seria da ordem de US$ 100 bilhões. Os democratas pretendem desenvolver melhor esse ponto, mas esperam que a diminuição da cobrança já apareça no contra-cheque dos trabalhadores neste ano. A diminuição de impostos deve favorecer ainda os idosos e estudantes universitários. Os donos de imóveis sem dinheiro para pagar a hipoteca também devem ser aliviados pelo Tesouro americano. Várias propostas estão sobre a mesa, inclusive a de Sheila Bair, diretora do Depósito Federal de Seguros, que planeja destinar cerca de US$ 40 bilhões para modificar as hipotecas de 3 milhões de proprietários. Mas algumas autoridades do Tesouro acreditam que a proposta de Bair tem falhas e tentam revisá-la. Desenhar esses novos programas não é uma tarefa fácil. ;Grande parte das propostas, se não todas, de alívio nos impostos será aprovada como parte do plano de recuperação assim que o novo Congresso se reunir em janeiro;, disse o deputado Chris van Holen, que lidera a maioria democrata. No entanto, os projetos devem criar problemas no lado mais conservador do Partido Democrata, que insiste em que o Congresso precisa cobrir o custo desses programas permanentes por meio do aumento de impostos em outras áreas ou na diminuição de gastos. E o programa de Obama não é nada barato: deve aumentar o déficit em US$ 3 trilhões na próxima década, segundo estimativas do Centro de Políticas de Impostos. Até agora, Bush deu poucos indícios de que aceitará o plano democrata. ;Ele não muda seus princípios ou suas políticas;, disse a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino. ;Nós já dissemos há muito tempo que o pacote que eles apresentaram até agora é algo que não poderíamos suportar.; Lula pede urgência Em visita a Foz do Iguaçu, para participar da Rodada de Integração Produtiva de Governadores e Prefeitos do Mercosul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que Barack Obama deve agir logo, antes mesmo de tomar posse, embora George W. Bush seja formalmente o chefe de Estado até 20 de janeiro. ;Obviamente ele vai ter que tomar atitudes para resolver porque esta crise não pode durar muito tempo. Todo o capital político que Obama conquistou ele pode perder se a crise perdurar um ano, um ano e meio, dois anos;, afirmou Lula, sugerindo que a equipe de transição do senador por Illinois já defina as primeiras medidas para conter a crise financeira. O presidente acrescentou que torceu mesmo pela vitória do democrata. ;Eu sempre tomei o maior cuidado para não dar palpite em nenhuma eleição de nenhum país, mas não me contive e fiz questão de dizer que gostaria que o Obama ganhasse. E veja que tudo isso começou na nossa América do Sul. É só pegar a mudança política que aconteceu no nosso continente para a gente perceber que o Obama é mais um passo disso.;

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