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Obama volta a cobrar novas medidas de combate à turbulência financeira

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postado em 09/11/2008 09:19
Um dia depois de sua primeira entrevista como presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama insistiu na necessidade de urgência no combate à crise financeira, mas lembrou que essa tarefa ainda cabe ao atual chefe de Estado, George W. Bush. O senador por Illinois aproveitou o programa de rádio do Partido Democrata para reiterar as afirmações feitas durante a conversa com a imprensa na sexta-feira. ;Quero ter certeza de que vamos assumir em 20 de janeiro com tudo funcionando, porque não temos tempo a perder;, afirmou. ;No entanto, precisamos reconhecer que temos apenas um presidente por vez e que Bush é nosso líder.; Obama cobrou a aprovação de um novo pacote de estímulo à economia. Atualmente em debate no Congresso americano, esse plano pode chegar a US$ 100 bilhões. ;Os EUA precisarão de outras ações durante este período de transição e os meses seguintes;, declarou. ;Em primeiro lugar, precisamos de um projeto de resgate para a classe média que invista em esforços imediatos para criar empregos e aliviar as famílias que vêem seus salários diminuírem e as economias de toda uma vida desaparecerem.; O presidente eleito acrescentou que, em seguida, o governo precisará conter a contaminação dos outros setores da economia pela crise financeira, e garantir a eficácia do pacote de resgate dos bancos ; aprovado em outubro pelo Parlamento ; para estabilizar os mercados financeiros e, ao mesmo tempo, aliviar os proprietários endividados de imóveis. As dificuldades financeiras da maior economia do planeta também foram o tema principal do pronunciamento de George W. Bush por rádio, ontem. ;Nosso país enfrenta desafios que não vão cessar enquanto um novo presidente assume o poder;, disse o republicano. ;Essa também será a primeira transição presidencial durante um período de guerra em quatro décadas. Estamos na luta contra extremistas violentos dispostos a nos atacar ; e eles gostariam de explorar esse período de mudança para ferir o povo americano.; O presidente explicou que agências federais trabalham há mais de um ano para garantir que o processo de transição seja rápido e suave. Há três dias, Obama recebeu seu primeiro relatório presidencial diário (PDB, na sigla em inglês). Nas próximas semanas, ele será informado, por funcionários da atual administração, sobre os principais temas políticos e internacionais que dizem respeito ao Executivo, como a guerra no Iraque. Bush e seu sucessor se encontrarão amanhã na Casa Branca. Em seu pronunciamento de ontem, Obama admitiu a complexidade dos problemas causados pelo grande déficit orçamentário e a crise de crédito. ;Algumas das escolhas a fazer serão difíceis, mas a América é um país forte, capaz de resistir;, disse. ;Sei que vamos conseguir, se adotarmos um espírito apartidário e trabalharmos juntos como uma única nação.; Na sexta-feira, um novo levantamento do governo indicou o fechamento de 240 mil vagas de trabalho no país apenas em outubro. O desemprego de 6,5% da população economicamente ativa é o maior desde 1994. Polônia contrariada, Irã irritado O presidente eleito Barack Obama não se comprometeu a levar adiante o atual plano de construir um escudo antimísseis no Leste da Europa, afirmou um de seus conselheiros, ontem, contradizendo uma declaração do presidente polonês, Lech Kaczynski. ;Obama teve uma boa conversa com o presidente polonês e com o primeiro-ministro da Polônia, mas não se comprometeu a seguir adiante com os planos do governo americano de desenvolver o escudo;, disse o conselheiro político Dennis McDonough. A Presidência polonesa havia anunciado mais cedo a promessa que Obama teria feito, na noite de sexta-feira, durante uma conversa por telefone com Kaczynski, de dar continuidade ao projeto. O presidente norte-americano eleito também conversou por telefone com o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, principalmente sobre a participação da Polônia na força da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão, segundo a assessoria de imprensa de Tusk. McDonough deixou claro que Obama não é contra o projeto do escudo ; que prevê a instalação, daqui até 2013, de 10 interceptadores de mísseis na Polônia e um sistema de radares na República Tcheca. Mas alertou para o fato de o democrata defender uma análise mais detalhada do plano, com possíveis modificações. O presidente George W. Bush argumenta que a intenção do escudo é proteger a Europa de ataques lançados por países como o Irã. A Rússia, no entanto, considera que o objetivo seja intimidá-la. Armas nucleares O governo do Irã criticou ontem as declarações do presidente eleito dos Estados Unidos feitas na entrevista coletiva de sexta-feira, quando Obama classificou de ;inaceitável; a fabricação, por Teerã, de armas nucleares. Questionado sobre a postura do democrata contra o programa nuclear, o presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, declarou: ;Isso significa insistir no mesmo caminho errôneo. Se os Estados Unidos querem mudar sua situação na região, eles precisam enviar os sinais certos;. Autoridades da República Islâmica garantem que o projeto tem o objetivo de gerar energia elétrica, e não construir armas de destruição em massa. Obama se posicionou com firmeza contra um possível arsenal nuclear iraniano: ;Penso que a fabricação de armas nucleares pelo Irã seja algo inaceitável. Precisamos organizar um esforço internacional para impedir isso;, disse em Chicago.

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