postado em 10/11/2008 09:28
WASHINGTON - Depois de oito anos de administração Bush, durante os quais a ciência esteve submetida à influência obscurantista da ideologia religiosa, os meios científicos vêem a chegada do novo presidente, Barack Obama, quase como uma bênção divina.
Enquanto candidato, Obama sempre se distanciou claramente de George W. Bush no que diz respeito às grandes questões científicas, assim como seu programa de apoio às pesquisas.
Nesse contexto, previu suspender a proibição, imposta em 2001 por Bush, por meros motivos religiosos, de utilizar fundos federais para realizar pesquisas com células-tronco embrionárias, consideradas cruciais para lutar contra várias doenças incuráveis.
Obama reconhece que a atividade humana contribui para o aquecimento global e recomenda reduções obrigatórias das emissões de gases de efeito estufa, algo a que Bush é declaradamente hostil.
Ele também fez da redução da dependência de petróleo dos Estados Unidos uma de suas prioridades. Obama quer aumentar em 150 bilhões de dólares em uma década o orçamento federal consagrado à pesquisa e desenvolvimento de novas fontes de energia assim como à poupança de energia.
Obama também prometeu revitalizar a exploração espacial, cujo orçamento é considerado insuficiente para conseguir os objetivos enunciados por Bush em 2004: regresso à Lua antes de 2020 e missões tripuladas a Marte e a outras partes do Sistema Solar.
Um dos pontos da plataforma de Obama era dar lugar de maior destaque ao assessor científico do presidente que, desde 2001, foi relegado a um papel menor. O democrata planeja incrementar fortemente o orçamento federal para estimular a pesquisa básica e formar mais cientistas e engenheiros.
Este enfoque o converteu, enquanto candidato, no preferido do setor científico, meio que já estava perto dele por seu principal assessor científico, Harold Varmus, laureado com o Nobel de Medicina e ex-diretor dos Centros Nacionais da Saúde (NIH).
Obama também obteve o apoio de 61 prêmios Nobel americanos, entre os quais Martin Chalfie, co-laureado com o Nobel de Química 2008, que criticou a "diminuição dos orçamentos federais consagrados a pesquisa básica nos últimos oito anos". Mas a crise financeira poderá limitar as ambições de novo presidente, cujos projetos nessa área estão avaliados em 85,6 bilhões de dólares.