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Guerra traz risco de epidemia de cólera no Congo

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postado em 10/11/2008 17:55
Casos de cólera em um campo de refugiados se alastraram para a capital provincial do leste da República Democrática do Congo (antigo Zaire), Goma, segundo afirmaram nesta segunda-feira funcionários locais. Teme-se uma epidemia, em meio ao impasse entre as tropas do governo e os rebeldes. Enquanto isso, o governo da França fracassou hoje em conseguir o apoio dos outros países europeus para despachar uma força militar de 1,5 mil soldados, que reforçaria as tropas de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no leste do congo. Ontem, dois moradores infectados deram entrada no Hospital Goma. Outros dois refugiados se abrigavam em outros locais na própria cidade, segundo Rafaela Gentilini, da organização Médicos Sem Fronteiras. Segundo funcionários encarregados de socorrer as vítimas, foram registrados 50 casos de cólera desde a sexta-feira. Houve confrontos no fim de semana entre rebeldes e soldados, causando temores sobre uma possível epidemia. A violência no leste do Congo é parcialmente resultado do ódio deixado pelo genocídio de 1994 na vizinha Ruanda, que matou pelo menos 500 mil tutsis. O general renegado Laurent Nkunda, cujos rebeldes lançaram a ofensiva em 28 de agosto, diz que luta para proteger a minoria tutsi de militantes hutus, que participaram do genocídio e depois fugiram para o território congolês. Nkunda declarou um cessar-fogo unilateral em 29 de outubro, quando suas forças estavam próximas de Goma. Porém houve confrontos esporádicos desde então. Perto de 50 mil refugiados se concentram em Kibati e nas proximidades, a maioria em condições precárias. Dezenas de pessoas morreram de cólera nas últimas semanas no leste congolês. Os médicos temem que áreas envolvidas no confronto sejam palco de novos casos, por causa da dificuldade de se levar auxílio para essas regiões. O cólera é uma doença gastrointestinal transmitida por meio de água contaminada e está relacionada a condições precárias de higiene, à superpopulação e à falta de saneamento adequado. A doença pode ser tratada com relativa facilidade, mas provoca muitas mortes em países pobres. Europa Em encontro entre ministros da Defesa e chanceleres dos países europeus, a Alemanha e a Grã-Bretanha se opuseram a enviar tropas da União Européia ao Congo. O secretário do Exterior do governo britânico, David Miliband, disse que a União Européia deveria encorajar a União Africana a fazer mais no campo militar ao mesmo tempo que promove uma solução política. Ele reiterou que, a esse ponto, a Grã-Bretanha não enviará tropas ao Congo, e o mesmo disse o ministro da Defesa da Alemanha, Franz Josep Jung. O chanceler da França, Bernard Kouchner, afirmou que existe a necessidade urgente de enviar mais 3 mil soldados para reforçar as tropas de paz das Nações Unidas no Congo, que contam com 17 mil militares. "A situação humanitária é um desastre e isso é algo intolerável", disse Kouchner.

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