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Presidente do Sudão anuncia cessar-fogo imediato em Darfur

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postado em 12/11/2008 08:44
CARTUM - O presidente sudanês, Omar al-Beshir, anunciou nesta quarta-feira (12/11) um cessar-fogo imediato em Darfur e pediu o desarmamento das milícias que atuam nessa região do oeste do país. "Anuncio solenemente um cessar-fogo incondicional e imediato entre as Forças Armadas e as facções rebeldes, que prevê um mecanismo de controle para vigiar seu respeito por ambas as partes envolvidas", anunciou Beshir. Al-Beshir fez o anúncio depois de ter recebido as recomendações finais da Iniciativa pela Paz em Darfur, lançada por su regime, que deve estabelecer as bases para uma conferência de reconciliação prevista para o Qatar no final do ano. Esta iniciativa foi boicotada pelos grupos rebeldes e é considerada pelos adversários do presidente sudanês uma tentativa de desviar a atenção das acusações de crime de guerra em Darfur, apresentadas pela Corte Penal Internacional (CPI). Beshir também pediu uma campanha imediata para desarmar as milícias e restringir o uso de armas pelo Exército, em referência à milícia árabe pró-governamental dos Janjawids, acusadas por grupos humanitários de atrocidades de todo tipo em Darfur. "Confirmamos nosso compromisso de negociar e chegar a soluções pacíficas que garantam o final dos conflitos", prosseguiu. Cartum tenta persuadir a comunidade internacional de sua vontade de resolver o conflito e convencer o Conselho de Segurança da ONU de adiar a decisão da CPI sobre as acusações apresentadas contra Beshir. A guerra civil em Darfur, na qual o governo é acusado o governo de ter reprimido de forma brutal a rebelião, deixou cerca de 300.000 mortos desde 2003, segundo a ONU, mas apenas 10.000 segundo Cartum. A União Africana (UA) e a Liga Árabe pediram ao Conselho de Segurança que interfira ante a CPI na esperança de que Beshir tenha tempo suficiente para instaurar um cessar-fogo em Darfur. Os juízes da CPI examinam as provas apresentadas em julho pelo promotor Luis Moreno Ocampo, que acusou Beshir de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Darfur e por ter dado ordens a suas tropas para matar, torturar, estuprar e saquear os grupos não-árabes da região. O Qatar quer acolher as conversações de reconciliação, mas um dos principais grupos rebeldes de Darfur, o Movimento pela Justiça e a Igualdade (JEM), disse que boicotará a reunião.

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