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Sarkozy se coloca como mediador entre Moscou e Washington

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postado em 14/11/2008 16:54
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, pediu nesta sexta-feira (14/11) à Rússia e aos Estados Unidos que parem de ameaçar um ao outro com mísseis e escudo antimísseis e propôs recolocar em pauta a questão da segurança na Europa, ao longo da cúpula que poderá acontecer em meados de 2009. Durante uma cúpula União Européia-Rússia, em Nice (sudeste da França), o presidente francês pediu ao presidente russo, Dmitri Medvedev, que não concretize sua ameaça de enviar mísseis para Kaliningrado. "Eu disse ao presidente Medvedev o quanto estávamos preocupados com essas declarações e como é necessário que não haja deslocamento para nenhum território, enquanto não tivermos discutido uma segurança pan-européia", declarou Sarkozy à imprensa. Em 5 de novembro, o presidente russo havia declarado que seu país enviaria mísseis Iskander para Kaliningrado, encrave russo fronteiriço com a UE, se os americanos instalassem, como previsto, elementos do escudo antimíssil americano na Polônia e na República Tcheca. Mas Sarkozy, muito crítico em relação a George W. Bush, também pediu aos EUA que diminuam o tom sobre seu projeto de escudo, que contribuiu para aumentar as tensões entre o Ocidente e a Rússia. Para Moscou, trata-se de uma ameaça direta à sua segurança. "Vocês podem, entre a Rússia e a Europa, continuar a ameaçar um ao outro com escudos, mísseis, Marinha etc., isso não levará a Rússia a nada, não levará a Geórgia a nada, e não levará a Europa a nada", insistiu. Um sinal de abertura em relação ao presidente russo foi Sarkozy ter retomado a idéia de "pacto de segurança" pan-européia, lançada por Medvedev, em junho, em Berlim. O presidente francês confirmou que está pronto para discutir o assunto em uma cúpula que poderá acontecer "em meados de 2009", "no âmbito da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa)". Nessa cúpula, "poderemos estabelecer as bases do que poderá ser um acordo entre nós e, até lá, não falemos mais de enviar escudo, mísseis, que não leva a segurança a nada e complica as coisas", frisou Sarkozy. O presidente francês também se oferece como potencial mediador de um assunto que, até agora, é de domínio das relações russo-americanas. Medvedev não se comprometeu com nada, destacando, entretanto, que "antes da assinatura de um acordo global sobre a segurança européia, temos de renunciar a medidas unilaterais". O presidente russo afirmou que "todos os nossos atos eram uma reação ao comportamento de outros Estados que, sem discutir com ninguém, aceitaram estacionar novos meios em seu território". Enquanto europeus e russo parecem querer superar os problemas oriundos da intervenção militar russa na Geórgia em agosto, Sarkozy lembrou ter desempenhado um papel central na mediação desse conflito e que os EUA, ao contrário, estimularam as tensões. Sarkozy pediu aos russos para "avançar" na retirada de suas tropas da Geórgia, sobretudo, retirando seus soldados do distrito contestado de Akhalgori e da cidade de Perevi, situada entre a Ossétia do Sul e o restante da Geórgia. Ele estimou, porém, que cumpriram "o essencial" do que foi acordado. Medvedev também se mostrou conciliador em relação aos europeus, apoiando as propostas da UE de resposta à crise financeira, que ele considerou "quase idênticas" às suas, na véspera da cúpula dos grandes países industrializados, amanhã, em Washington. Assim como a UE, o presidente russo se pronunciou por uma reforma profunda do sistema financeiro internacional e pela convocação de uma segunda cúpula financeira até fevereiro, quando o presidente eleito Barack Obama já estiver instalado na Casa Branca.

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