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África do Sul presta última homenagem a Miriam Makeba

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postado em 15/11/2008 10:39
JOHANNESBURGO - Milhares de pessoas prestaram neste sábado (15/11) na África do Sul uma última homenagem à lendária voz do continente africano e símbolo da luta contra o apartheid na África do Sul, Miriam Makeba, falecida na segunda-feira na Itália. O ato público em uma sala de concertos de Johannesburgo reuniu alguns dos mais famosos músicos e artistas da África dos Sul, assim como políticos, que com música e poesia saudaram a memória da cantora conhecida como "Mama África". Miriam Makeba faleceu aos 76 anos vítima de uma parada cardíaca depois de participar na noite de domingo no sul da Itália em uma apresentação de apoio a Roberto Saviano, o escritor italiano ameaçado de morte pela Camorra por seu livro "Gomorra', sobre a máfia napolitana. Obrigada a deixar o país pelo regime do apartheid após sua participação em um filme que denunciava a segregação branca na África do Sul, Makeba viveu 31 anos no exílio, principalmente nos Estados Unidos e Guiné. Conhecida como "Mama África", a artista retornou à África do Sul no início dos anos 90, depois da libertação de Nelson Mandela. "Ao morrer, estava fazendo o que melhor sabia fazer. Nas palavras dela mesmo, amava a música acima de tudo, e sempre ficava feliz quando estava no palco cantando", disse o ministro da Cultura, Pallo Jordan. O ministro elogiou Makeba como "uma mulher cujo nome se tornou sinônimo da luta mundial pela liberdade na África do Sul". Miriam Makeba nasceu em 4 de março de 1932 em Johannesburgo. Ela começou a cantar nos anos 50 com o grupo "Manhattan Brothers" e em 1956 compôs "Pata, Pata", a canção que seria seu maior sucesso. A cantora viu seu país mudar com a chegada ao poder, em 1947, dos nacionalistas africanos. Aos 27 anos deixou a África do Sul pela carreira e teve a entrada proibida no país pelo compromisso com a luta antiapartheid, incluindo a participação no filme "Come back, Africa". O exílio durou 31 anos, em diversos países. A cantora fazia muito sucesso, mas seu casamento em 1969 com o líder dos Panteras Negras Stokely Carmichael, do qual se separou em 1973, não agradou as autoridades americanas, que a forçaram a emigrar para Guiné. Depois da morte da filha única em 1985, voltou a viver na Europa, mas em 1990 Nelson Mandela a convenceu a retornar para a África do Sul.

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