postado em 15/11/2008 11:00
WASHINGTON - A vitória de Barack Obama na eleição presidencial deixou em muitas americanas a esperança da eventual chegada de uma mulher pela primeira vez à Casa Branca.
Sem a presidência, o nome de Hillary Clinton passou a ser considerado o favorito para comandar a diplomacia dos Estados Unidos no próximo governo. Fontes ligadas a Obama afirmaram ao canal CNN que a ex-primeira-dama pode ser designada secretária de Estado.
No início da histórica campanha eleitoral de 2008, a disputa entre Obama e a senadora Hillary Clinton pela candidatura do Partido Democrata foi para muitos uma batalha do destino dadas as opções: um negro e uma mulher. A decisão de apoiar um equivalia a dar as costas ao outro.
No entanto, muitos analistas consideram que o perfil da senadora por Nova York acabou com os preconceitos que poderiam existir sobre a capacidade de uma mulher assumir o comando do país.
"Sempre que cai uma barreira é sinal de que as demais começarão rapidamente a desabar", afirmou a estrategista do Partido Democrata Donna Brazile.
"Apesar de não poder dizer quando - quem poderia prever este momento -, nem o candidato nem o partido, vejo este dia se aproximar no horizonte. É tempo de 'apurar a história' e permitir o acesso de uma nova geração (à Casa Branca). Não há dúvida, uma mulher conseguirá em breve", acrescentou.
Em um discurso emocionado em junho, ao admitir a derrota nas primárias para o então adversário Barack Obama, Hillary pediu a seus milhões de simpatizantes que apoiassem o senador por Illinois, mas também fez referências às questões de gênero.
"Embora desta vez não tenhamos sido capazes de quebrar este elevado e duro teto de vidro, agradeço porque agora tem 18 milhões de rachaduras", disse, em referência à quantidade de votos que recebeu na disputa interna.
"As crianças de hoje crescerão com a garantia de que um negro ou uma mulher podem, absolutamente, se tornar presidente dos Estados Unidos", enfatizou, diante de muitas mulheres que choravam ou a aplaudiam.
Pouco depois, outra barreira caiu com a designação da governadora do Alasca, Sarah Palin, como candidata a vice de John McCain na derrotada chapa presidencial do Partido Republicano. Parece uma ironia que os Estados Unidos, que sonham em expandir a democracia no mundo, nunca tenham tido uma mulher presidente.
"Acredito que a idéia de singularidade dos Estados Unidos tem sido um enorme fator para determinar a forma como os americanos vêem seu presidente. No final das contas, nos consideramos os líderes do mundo livre", diz Barbara Palmer, diretora interina do Instituto Mulher e Política na American University.
"Por isso sempre tivemos uma visão muito sexista da função (de presidente), que, além de tudo, é também a de comandante-em-chefe. Definitivamente, uma mulher poderia apertar o botão (que ativa a bomba atômica)?": para ela este é o questionamento dos eleitores.
Palmer, autora do livro "Quebrando o teto de vidro da política", concordou que é apenas uma questão de tempo que uma mulher chegue à presidência. "Não acredito que se deva subestimar o efeito que pode ter sobre uma menina de oito anos ver Hillary Clinton e Sarah Palin disputar as presidenciais. Somos uma sociedade muito. Se algo não está na televisão, então não aconteceu", conclui.