postado em 16/11/2008 10:33
Após meses de árduas negociações, o governo iraquiano aprovou neste domingo (16/11) o acordo de segurança elaborado com os Estados Unidos que prevê a retirada completa das tropas americanas do Iraque ao fim de 2011.
O acordo foi aprovado por 28 dos 38 ministros reunidos em um conselho, incluindo o primeiro-ministro Nuri al-Maliki, ao fim de um encontro que durou mais de duas horas e meia. A aprovação exigia maioria de dois terços.
O texto, que inclui 31 artigos, vira assim um projeto de lei e será apresentado ao Parlamento, que pode aprobar o mesmo por maioria simples.
O acordo, negociado entre Bagdá e Washington durante quase um ano, prevê a saída ao fim de 2011 dos 152 mil soldados americanos presentes em quase 400 bases no país árabe, oito anos depois da invasão que derrubou o ditador Saddam Hussein.
No meio do caminho, em 2009, o acordo prevê a retirada das tropas americanas das cidades e demais localidades iraquianas.
Um dos pontos mais delicados durante as negociações foi a imunidade dos soldados americanos. Um comitê conjunto determinará se um soldado dos Estados Unidos suspeito de ter cometido um crime estava em missão ou não e se pode ser julgado nos tribunais iraquianos.
Além disso, Bagdá terá o direito, se solicitar, de revistar o material americano que passa por suas fronteiras.
O acordo é mais que necessário, já que o atual mandato da ONU que regula a presença destas tropas expira em 31 de dezembro.
O premier iraquiano tinha quase certeza de que conseguiria a maioria de dois terços, pois contava com o apoio dos partidos curdos e da coalizão xiita, que representam 19 ministros, assim como da maioria dos ministros independentes e de parte dos ministros sunitas.
Após duas leituras no Parlamento, com um intervalo de dois dias, e uma votação definitiva seis dias mais tarde, o texto será ratificado pelo conselho presidencial iraquiano.
Só então, Maliki assinará o documento ao lado do presidente americano George W. Bush.
O principal negociador iraquiano, Muafaq al-Rubai, afirmou à AFP na sexta-feira que considerava o rascunho aprovado neste domingo "um texto muito bom".
"Este texto garantirá a completa, total e irrevogável soberania do Iraque", disse Rubai, que também é conselheiro nacional de segurança.
A Casa Branca também descreveu na sexta-feira o texto como "um bom acordo", conveniente para os dois países.
O grande aiatolá Ali Sistani, a maior autoridade religiosa xiita do Iraque, aprovou implicitamente na sexta-feira a adoção do texto.
Ele afirmou que correspondia ao governo decidir se era oportuno assinar um acordo de segurança com Washington e insistiu no respeito à soberania do Iraque, além da necessidade de alcançar um grande consenso.
No entanto, o clérigo radical xiita Moqtada Sadr, autêntica pedra no sapato dos americanos, pediu na sexta-feira aos países muçulmanos que se manifestassem contra o projeto de acordo de segurança, e anunciou a criação de uma "nova milícia de resistência contra o ocupante".
As objeções do clérigo não devem ter impacto na decisão do Parlamento, já que seus partidários ocupam apenas 28 das 275 vagas no Congresso.
A segurança no Iraque melhorou consideravelmente nos últimos 12 meses, desde que as tropas americanas e iraquianas se aliaram às milícias tribais sunitas para lutar contra a Al-Qaeda e recuperar o controle de áreas até então ingovernáveis.