postado em 20/11/2008 15:33
Cairo - Os países árabes do Mar Vermelho, reunidos nesta quinta-feira no Cairo, culparam a instabilidade na Somália pela recente onda de ataques de piratas na região, e se comprometeram a cooperar para combater este fenômeno.
Esta reunião foi realizada após o ataque espetacular de sábado contra um superpetroleiro saudita, mais de 450 milhas naúticas (800 km) ao sudeste de Mombaça, no Quênia.
Piratas somalis seqüestraram o Sirius Star, de 330 metros de comprimento e carregado com 300.000 toneladas de petróleo, e exigiram 25 milhões de dólares para libertar o navio e seus 25 tripulantes. O valor da carga de petróleo transportada pelo Sirius Star é de cerca de 100 milhões de dólares.
Dirigentes sauditas, sudaneses, dos Emirados Árabes, djibutianos, jordanianos e do governo provisório da Somália participaram da reunião, presidida pelo Iêmen e pelo Egito.
No comunicado final, os participantes prometeram que a soberania da Somália será respeitada em caso de medidas contra a pirataria, sem entrar em detalhes sobre como os diferentes países pretendem acabar com os ataques.
No texto, eles expressaram "a preocupação dos países árabes do Mar Vermelho com o crescimento do fenômeno da pirataria". "A pirataria ao largo do litoral somali é uma das conseqüências da deterioração da situação política, humanitária e da segurança na Somália", ressaltaram os participantes.
Segundo o comunicado, os Estados vão nomear comissões militares encarregadas de emitir recomendações sobre as diferentes formas de combater a pirataria. Uma das opções é "monitorar os piratas e impedi-los de entrar no Mar Vermelho", diz o texto.
Os Estados árabes ainda destacaram que apoiarão as operações internacionais contra a pirataria, "desde que elas sejam conforme ao direito internacional e respeitem a soberania dos países, tanto de seus territórios como de suas águas".
Na semana passada, o Iêmen expressou preocupação com a presença naval multinacional perto de suas costas, considerando que representa uma ameaça para a segurança de países árabes.
Navios da União Européia, dos Estados Unidos e da Rússia foram posicionados ao largo da Somália para tentar conter os atos de pirataria. O Egito, por sua vez, está preocupado com o impacto econômico dos ataques sobre o Canal de Suez, que liga o Mar Vermelho ao Mediterrâneo.
Os direitos de passagem do Canal de Suez constituem a terceira fonte de recursos do Egito, depois do turismo e das remessas enviadas pelos egípcios do exterior. Atualmente, 7,5% do comércio mundial transita por esta via.