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Chávez põe em jogo seu futuro nas eleições regionais venezuelanas

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postado em 21/11/2008 11:13
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para quem as eleições regionais de domingo serão um fator de decisão de seu futuro à frente de um governo revolucionário boliviano, multiplicou sua participação na reta final da campanha e subiu o tom contra os candidatos da oposição. Consciente de seu alto índice de popularidade, Chávez tem orquestrado, nos mínimos detalhes, a campanha do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e já transformou essas eleições locais em um grande plebiscito. "É o meu destino, o destino de Chávez que está em jogo. Que Chávez continue governando a Venezuela dependerá do que acontecer em 23 de novembro", declarou o presidente num dos muitos atos de campanha que protagonizou nos últimos dias. Desde meados de outubro, Chávez, que foi eleito presidente em 1998 e deverá deixar o poder em 2013, vem peregrinando como um verdadeiro candidato por todo o país, sobretudo, onde seus companheiros de partido estão em dificuldades. Na última semana, ele apareceu até três vezes por dia na TV. Além dos eventos de campanha, o onipresente Chávez multiplicou seus atos presidenciais: lançou a pedra fundamental de uma auto-estrada e de um aeroporto, inaugurou projetos energéticos, fábricas e hospitais, enviou um satélite ao espaço e celebrou os êxitos de suas diferentes missões sociais. Além disso, não cessou seus ataques verbais. No domingo passado, afirmou que a oposição quer vencer as eleições regionais no estado de Sucre (nordeste) para derrubar seu governo, e pediu a seus partidários que "impeçam à burguesia venezuelana" de utilizar as urnas para "levar a Venezuela pelo caminho do golpe e da violência e deter a revolução bolivariana". No sábado, Chávez ameaçou lançar mão dos tanques caso a oposição vença no estado de Carabobo (norte): "Se permitirem que a oligarquia volte ao governo (de Carabobo), vou acabar mandando os tanques da brigada blindada para defender o governo revolucionário e para defender o povo". Os institutos de pesquisa apontam que, desta vez, a oposição pode ganhar em pelo menos cinco estados, contra os dois que governa no momento. Além disso, o chavismo enfrenta ainda um grupo de candidatos dissidentes, chamados de "traidores" e "apátridas" por Chávez, já que não se uniram às fileiras do PSUV e podem vencer em alguns pontos-chave. Em Barinas (sudoeste), terra natal do presidente, o maior rival do irmão mais velho de Chávez, Adán, que é candidato a governador, é justamente um dissidente do partido. Durante a campanha, o presidente venezuelano evitou temas que seriam fundamentais em eleições locais, como a insegurança e os índices de violência, e se concentrou em si mesmo e em seu projeto de governo. Assim, Chávez denunciou que a oposição quer a vitória para "derrubá-lo", ou "matá-lo", e alertou sobre um plano de desestabilização contra seu governo, orquestrado de Zulia.Para o deputado Ismael García, do dissidente Partido Podemos, o que está em jogo no próximo domingo, "não é apenas a eleição de vereadores, deputados, governadores e prefeitos". "O presidente quer essa maioria para impor um modelo de reforma que foi rejeitado em dezembro passado", advertiu, em declarações à imprensa local, referindo-se ao projeto de reforma constitucional rejeitado em referendo no final de 2007. Conscientes de que a abstenção é o maior risco, em um país que, nos últimos dez anos, foi às urnas praticamente uma vez por ano, os políticos multiplicam seus apelos para que os cidadãos compareçam para votar.Ao todo, cerca de 17 milhões de venezuelanos são esperados nas urnas para eleger 22 governadores, 328 prefeitos e 233 responsáveis pelos conselhos regionais.

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