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Celso Amorim demonstra irritação com ameaça de calote do presidente equatoriano

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postado em 22/11/2008 08:49
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, convocou o embaixador no Equador, Antonino Marques Porto, para consultas. A idéia é revisar toda a cooperação bilateral com Quito, depois que o presidente equatoriano, Rafael Correa, decidiu questionar uma dívida de US$ 286,8 milhões contraída junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social do Brasil (BNDES) para financiar a hidrelétrica de San Francisco, a mais importante obra de infra-estrutura empreendida no país andino nos últimos anos. Em São Paulo, o chanceler lembrou que a política externa brasileira foi criticada ;por uma atitude de compreensão em relação a certas situações;, panorama que agora pode mudar. ;Achamos que agimos corretamente no passado, porque isso era bom para o Brasil, bom para a integração, bom para as relações, mas neste caso achamos que a medida adequada era chamar o embaixador para fazer uma consulta e estabelecer uma revisão ampla de nossa cooperação;, destacou. ;Vamos examinar com a seriedade devida este fato que, de alguma maneira, não corresponde ao que nós imaginamos ser uma relação entre dois países amigos;, ressaltou Amorim. ;A contrariedade do Brasil não é só pela natureza das medidas (tomadas pelo Equador), mas pela forma como foram tomadas;, acrescentou, após ler um comunicado oficial do Ministério das Relações Exteriores (MRE). De acordo com um alto funcionário do Itamaraty, o chanceler ficou ;extremamente irritado; pela deselegância do presidente Correa, que convocou um ato público para anunciar o calote junto à Câmara de Comércio Internacional (CCI), sediada em Paris. ;Deveríamos ser avisados antes;, reclamou Amorim a um de seus assessores. Segundo uma fonte do Palácio do Planalto, Correa decidiu jogar para a platéia. ;Reconhecemos que existem dificuldades com a Odebrecht, mas ele escolheu o Brasil para alimentar a mobilização política do público interno e não podemos admitir esse jogo. Um calote junto ao BNDES colocaria em risco toda a estratégia brasileira de cooperação para o desenvolvimento e integração regionais.; Entre as possíveis medidas retaliatórias, estariam o bloqueio de todos os programas bilaterais com o Equador e até mesmo o rompimento de relações diplomáticas. Integração em perigo O presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou o Equador ; ao lado de Bolívia e Paraguai ; na categoria de países irmãos menores, que precisam de maior ajuda e apoio da principal economia latino-americana. A hidrelétrica de San Francisco, situada entre as províncias de Tungurahua e Pastaza, foi construída por um consórcio liderado pela Odebrecht e inaugurada em junho de 2007. A obra apresentou problemas estruturais. Segundo comunicado da Presidência equatoriana, ;o montante do empréstimo, de US$ 286,8 milhões, chegou a US$ 358,5 milhões graças a 10 adições assinadas sem nenhum sustento legal, mas se for pago o crédito de financiamento o montante chegará a US$ 597,8 milhões;. No mês passado, o secretário Nacional Anticorrupção de Quito, Alfredo Vera, denunciou que a hidrelétrica e outras obras que a Odebrecht tinha no país ;apresentam irregularidades em vários âmbitos;. Ele também ordenou a expulsão da companhia do território equatoriano. O BNDES divulgou nota sobre a questão, afirmando que se dispõe a prestar ;apoio técnico necessário à legítima defesa dos interesses nacionais;. No documento, lembra que a dívida, contraída no âmbito do Convênio de Crédito Recíproco, ;tem caráter irrevogável e irretratável;. BUSH, O ESFORÇADO O presidente norte-americano, George W. Bush, chegou ontem ao Peru para a cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), sua última viagem para a América Latina antes de deixar o cargo. Em Lima, Bush destacou que fez ;o esforço máximo; para aumentar as relações bilaterais e regionais com a América Latina. Leia mais na edição impressa deste sábado

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