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Presidente palestino convocará eleições se diálogo com Hamas fracassar

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postado em 23/11/2008 17:26
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, anunciou neste domingo (23/11) que se o diálogo interpalestino fracassar, em particular com o movimento islâmico Hamas, convocará eleições gerais no início de 2009. "Se o diálogo fracassar, no início do ano haverá uma convocação e um decreto presidencial para a realização de eleições legislativas e presidenciais", afirmou Abbas no Conselho Central da Organização para a Libertação da Palestina (CCOLP), principal instância da OLP. O presidente palestino garantiu que permanece comprometido com o sucesso do diálogo. Abbas apresentou ao CCLOP um texto para votação, baseado em uma proposta egípcia de acordo, que servirá de ponto de partida para uma nova série de conversações com o Hamas. O presidente palestino pediu um "novo diálogo incondicional" para que seja obtida "a unidade" dos palestinos, divididos política e geograficamente desde que os islamitas tomaram o poder à força na Faixa de Gaza, em junho de 2007. Esse documento, lido diante dos membros do CCOLP, prevê "a criação de um governo provisório aceito por todas as partes e que respeite o programa da OLP", que reconhece Israel e aceita o princípio de dois Estados vizinhos, um israelense e o outro palestino. O texto, que afirma que a "OLP seguirá aberta ao diálogo" com o Hamas, prevê uma "reforma dos serviços de segurança palestinos", um assunto que provocou diversos conflitos entre o grupo radical islâmico e o movimento moderado Fatah, de Abbas. Abbas acusou mais uma vez o Hamas de ser o responsável pelo fracasso do encontro previsto para o início de novembro no Egito. Na ocasião, o movimento islâmico se negou a participar devido à prisão de vários de seus militantes na Cisjordânia. Abbas também criticou Israel por não respeitar os compromissos assumidos no chamado Mapa da Paz, apoiado pelo quarteto internacional (EUA, Rússia, União Européia e ONU). "Todo mundo sabe que Israel nunca pôs fim à colonização, à construção do muro, às agressões e que não abre as instituições (palestinas) em Jerusalém", disse Abbas ao mencionar alguns dos pontos incluídos no documento. Logo após o anúncio, o Hamas rejeitou a antecipação das eleições gerais, que qualificou de "ilegais e inconstitucionais", segundo o porta-voz do grupo, Fawzi Barhum. De acordo com Barhum, a lei fundamental palestina (Constituição) não autoriza Abbas a convocar uma eleição desse tipo. O presidente palestino "deseja principalmente prolongar seu mandato e continuar as negociações com Israel", acrescentou. A data do final do mandato de Abbas é alvo de uma grande polêmica entre Fatah e Hamas, que já deixou claro que não o reconhecerá como presidente palestino depois de 8 de janeiro. O Hamas se baseia na Constituição da Autoridade Palestina, que estabelece quatro anos de mandato para seu presidente. Abbas foi eleito no dia 8 de janeiro de 2005. Já o Fatah se apóia na lei eleitoral, que estipula que as eleições presidenciais e legislativas devem ser realizadas no mesmo dia, o que faz que o mandato de Abbas seja prolongado por um ano, já que o Parlamento atual -dominado pelo Hamas- foi eleito em janeiro de 2006, para um mandato de quatro anos.

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