postado em 24/11/2008 10:36
MOGADÍSCIO - Os piratas somalis que há 10 dias seqüestraram o superpetroleiro saudita "Sirius Star" mantêm a exigência de um resgate de 25 milhões de dólares, informou nesta segunda-feira (24/11) o líder do grupo, Mohamed Said.
"Não mudamos o total do resgate, que continua sendo exatamente de 25 milhões de dólares. Para mudar isso, seria preciso um acordo entre todos os envolvidos", afirmou Said. Durante o fim de semana, os piratas somalis afirmaram que resistirão a qualquer eventual intervenção militar para libertar a embarcação.
"Espero que o proprietário do petroleiro seja suficientemente inteligente e não permita uma intervenção militar, porque isso seria desastroso para todos. Estamos aqui para defender o petroleiro em caso de ataque", afirmou Abdiyare Moalim, um membro do grupo de seqüestradores em terra e encarregado de reunir milicianos para proteger a área.
Os proprietários do "Sirius Star" têm 10 dias para entregar um resgate de 25 milhões de dólares exigido pelos piratas. Moradores da região disseram que novos reforços se uniram aos piratas a bordo do navio.
Pelo menos 100 milicianos armados chegaram desde quinta-feira passada a Harardhere, um pequeno porto situado 300 km ao norte de Mogadíscio, onde o superpetroleiro está ancorado desde o dia 18.
A captura do "Sirius Star", de 330 metros de comprimento e carga de dois milhões de barris de petróleo, avaliada em 100 milhões de dólares, foi a operação de pirataria mais espetacular já vista na costa da Somália. Piratas já advertiram para as conseqüências "desastrosas" do não pagamento do resgate.
Segundo Moalim, estão em andamento negociações entre os proprietários do navio e seus colegas a bordo do "Sirius Star", mas até o momento não há um acordo. "Estão recebendo telefonemas de pessoas; alguns se dizem mediadores e outros que são agentes dos proprietários (...) mas até o momento nada está acertado".
Com dois milhões de barris de petróleo a bordo, o "Sirus Star" representa uma potencial ameaça de catástrofe ecológica em caso de uma ação militar mal sucedida para resgatar o navio. Por outro lado, os armadores de todo o mundo reunidos nesta segunda-feira em Kuala Lumpur reclamaram da ONU que proceda um bloqueio naval nas costas somalis para evitar que os piratas continuem seqüestrando navios na zona.
Durante uma conferência regional sobre segurança marítima, diretores das companhias do setor também pediram que sejam esclarecidas as regras de intervenção para que outros navios interceptem os piratas que atuam Golfo de Aden e estes possam ser levados ante a justiça.
"Seria bom que a ONU coordenasse uma ação naval frente ao litoral da Somália. A ONU poderia impor um bloqueio frente ao litoral somali", afirmou Peter Swift, representante da Associação Internacional de Armadores Petroleiros (INTERTANKO), com sede em Londres.
Segundo os participantes, se os atos de pirataria não cessarem, isso terá conseqüências sérias no comércio mundial, pois 90% do tráfego comercial são realizados por via marítima. "Isso terá um impacto no comércio mundial se não dermos soluções rápidas. A situação se deteriora. Precisamos de um ação urgente", afirmou Swift.