Mundo

Hugo Chávez critica Barack Obama por declaração sobre o Irã

;

postado em 25/11/2008 08:22
CARACAS - O presidente venezuelano Hugo Chávez caracterizou como 'desrespeitosa' uma declaração sobre o Irã feita pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, a quem também pediu para retirar as tropas do Iraque e levantar o bloqueio contra Cuba. "O presidente Mahmud Ahmadinejad mandou uma carta para ele. A resposta não foi boa, foi desrespeitosa, Obama não foi capaz de fugir do clichê e falou parecido com (George W.) Bush. São sinais muito ruins", afirmou Chávez. No início de novembro, Ahmadinejad enviou uma carta de felicitações a Obama por sua vitória nas eleições. Em sua primeira coletiva, o sucessor de Bush declarou que "a fabricação de armas nucleares por parte do Irã é inaceitável". Chávez informou ainda que visitará em breve o Irã para se reunir com Ahmadinejad, sem precisar data ou detalhes da agenda. "Devo ir o mais breve possível. Tenho uma dívida com o irmão presidente Ahmadinejad", afirmou Chávez. Chávez também mencionou uma eventual retirada das tropas americanas do Iraque. "Essa será uma prova para saber a que veio Obama (...) Tomara respeitem suas boas intenções, algumas das quais eu soube, como, por exemplo, acabar com a prisão de Guantánamo".. Pediu ainda que cumpra com a promessa de Washington de desmantelar sua base militar no Equador, que retire os corpos de inteligência da Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua, e América Central, e levante o embargo contra Cuba. Chávez expressou seu desejo de que Obama "se cerca de bons assessores, que honre sua cor, sua origem, e se recorde de onde vem". "Sua esposa é negra. Que lindas filhas ele tem! Que olhe para elas todos os dias e que ouça a batida de seu coração", afirmou. "Tomara que não matem Obama, mas esse maquinário assassino é capaz de qualquer coisa", arrematou. A respeito de política nacional, afirmou que o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e "os setores populares" avaliarão se em 2009 apresentarão uma proposta de emenda constitucional para aprovar a reeleição presidenciais por tempo indefinido. "É um direito do povo (...) Não vou propor nenhuma outra reforma. A mim restam, a partir de 2 de fevereiro próximo, quatro anos de governo. Se Deus quiser, e a Virgem, e se tiver boa saúde, vou acelerar a marcha desses quatro anos para cumprir com o projeto socialista bolivariano". Disse, no entanto, que 2009 "seria um bom ano para discutir o tema". "Se o PSUV e os setores populares acharem que sim, será preciso recolher assinaturas e levar a proposta à Assembléia Nacional para o debate, seja pela reforma ou pela emenda, e depois levar a referendo". A reeleição presidencial indefinida foi rejeitada em 2007 em um referendo sobre a reforma socialista à Constituição, o que constituiu a primeira derrota eleitoral de Chávez desde que assumiu o poder em 1999. Por fim, Chávez disse que a oposição sofreu uma "nova e grande derrota" nas eleições regionais de domingo, apesar do governo ter perdido em estados importantes e em Caracas. "Estão superestimando o que ocorreu como uma vitória e isto é loucura. Sofreram uma nova derrota, e foi grande. É claro que em uma batalha deste tipo não se ganha tudo", disse Chávez em entrevista coletiva. Chávez também criticou alguns dirigentes da oposição que se consideram presidenciáveis: "São projetos pessoais. As lutas entre eles são intensas, porque estão pensando em quem vai me suceder dentro de quatro anos, mas alguns querem que seja antes". O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) conquistou no domingo 17 dos 22 Estados em disputa, mas a oposição venceu nos Estados mais habitados e ricos, onde estão 45% da população e 70% da atividade econômica.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação