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Polônia tenta elucidar mistério da morte do chefe de seu governo no exílio

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CRACÓVIA - A Polônia tenta solucionar o mistério da morte do chefe de seu governo no exílio, general Vladyslaw Sikorski, em 1943, em Gibraltar, exumando, nesta terça-feira (25/11), seus restos que descansam na catedral de Wawel, na Cracóvia (sul). Os historiadores continuam divididos sobre se foi realmente um acidente de avião, há 65 anos, ou de um atentado ordenado pela União Soviética. "A finalidade da exumação é verificar as diversas teses sobre sua morte", explicou Malgorzata Klys, do Instituto de Medicina Forense da Universidade Jagellone, onde será realizada a autopsia dos restos do general Sikorski. "Queremos tentar responder à questão sobre se o general morreu vítima de um acidente, ou se foi assassinado", precisou Klys. Na quarta-feira, o corpo do general será novamente sepultado na catedral onde repousam os ex-reis da Polônia e heróis poloneses, durante cerimônia religiosa celebrada pelo arcebispo da Cracóvia, monsenhor Stanislaw Dziwisz. Vinte especialistas, entre médicos legistas e criminologistas, assim como procuradores, participam da perícia. Os resultados serão anunciados dentro de um mês. O avião no qual viajava Sikorski, um Liberator II, caiu no mar 16 segundos após decolar de Gibraltar, em 4 de julho de 1943, apenas três meses depois de Josef Stalin romper laços diplomáticos com o governo polonês no exílio. O fato aconteceu em seguida as demandas de Sikorski para que a Cruz Vermelha Internacional investigasse o Massacre de Katyn - relacionado à descoberta por forças alemãs, em valas comuns, dos corpos de 21.700 oficiais do Exército Polonês, intelectuais e padres, em execuções mais tarde atribuídas aos soviéticos. Em Londres, como chefe do governo polonês no exílio, o general defendia fortemente os interesses de seu país junto aos Aliados Ocidentais e à União Soviética. Por décadas, a morte de Sikorski tem gerado teorias de que ele foi assassinado, alternativamente pelos britânicos, soviéticos, ou mesmo facções polonesas. Uma das teorias diz que o agente duplo inglês Kim Philby, que estava em Gibraltar na época da queda do avião e que desertou para a União Soviética nos anos 60, pode ter tido um papel no acidente. Segundo os historiadores, a morte de Sikorski influenciou o destino da Polônia na guerra.