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Exército lança ofensiva militar contra terroristas com reféns em hotéis de Mumbai

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postado em 27/11/2008 11:09
MUMBAI - O Exército indiano lançou nesta quinta-feira (27/11) uma ofensiva contra os terroristas islâmicos que mataram mais de 100 pessoas na quarta-feira e fizeram vários reféns estrangeiros em dois hotéis de luxo e outros pontos de Mumbai. A situação era confusa ao redor dos hotéis da capital financeira indiana atacados pelos homens armados. Segundo a imprensa, mais de 300 pessoas ficaram feridas nos atentados. O primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, atribuiu a um grupo com sede no exterior os sangrentos atentados. "Os ataques bem preparados e bem orquestrados, provavelmente com ramificações no exterior, tentavam provocar um sentimento de pânico, escolhendo alvos de alto nível e matando indiscriminadamente estrangeiros", disse Singh em mensagem a Nação. "É evidente que o grupo que realizou estes ataques, com sede fora do país, veio com a única intenção de semear o caos na capital econômica da Índia", acrescentou. "Vamos indicar formalmente a nossos vizinhos que não toleraremos que usem seu território para nos atacar", advertiu. Policiais e soldados, que tentavam retomar o controle dos hotéis, e os islamitas trocaram tiros, ao mesmo tempo que eram ouvidas explosões na região. A polícia e o Exército conseguiram entrar no Hotel Taj Mahal, onde revistavam todos os quartos, segundo o chefe de polícia local, A.N. Roy. De acordo com ele, o estabelecimento não tem mais uma "situação de tomada de reféns". Roy acrescentou que foram encontrados corpos dentro do hotel e que ainda existem hóspedes nos quartos, mas não revelou números precisos. "No entanto, existe a possibilidade de que algumas pessoas permaneçam como reféns no hotel Oberoi e em Nariman House", acrescentou, a respeito do complexo residencial e de negócios que inclui um centro judaico. O vice-presidente do Grupo Oberoi de hotéis, S.S. Mukherji, afirmou ao canal NDTV que aproximadamente 200 pessoas estão presas dentro do Trident/Oberoi, na zona sul da cidade. De acordo com o presidente da Federação Judaica Indiana, Jonathan Solomon, homens armados mantém como reféns uma família judaica e um rabino em Nariman House. Segundo testemunhas, os terroristas capturaram principalmente reféns americanos e britânicos. O britânico Rakesj Patel contou a um canal indiano que foi mantido ao lado de mais de 10 pessoas como refém por homens armados nos andares superiores do Hotel Taj Mahal. "Eram muito jovens, pareciam crianças. Disseram que queriam todos que tivessem passaportes britânicos e americanos", afirmou, antes de relatar que conseguiu escapar ao lado de outro refém. Mumbai foi cenário na noite de quarta-feira de uma série de atentados coordenados executados por homens fortemente armados que atacaram os dois hotéis cinco estrelas e outros pontos da cidade, como a estação central de trens e um hospital. Alguns políticos europeus, como a presidente da Comunidade de Madri, Esperanza Aguirre, uma das principais figuras da direita espanhola, estavam hospedados em um dos hotéis atacados, mas conseguiram sair ilesos. De acordo com fontes oficiais, pelo menos cinco estrangeiros morreram - um alemão, um italiano, um britânico, um japonês e um australiano. Os atentados foram reivindicados por um grupo islamita até agora desconhecido que se apresentou como "Deccan Mujahedines" (pelo nome de uma região do centro da Índia). Um dos terroristas envolvidos nos ataques afirmou, em um entrevista a um canal de televisão, que o grupo luta para fazer com que o islamismo não seja mais perseguido na Índia. "Os muçulmanos na Índia não deveriam ser perseguidos. Amamos nosso país, mas quando nossas mães e irmãs eram assassinadas, onde estava todo o mundo?", declarou ao canal India TV por telefone do interior do hotel Oberoi, antes de exigir a libertação de todos os militantes islamitas detidos no país. Os atentados provocaram uma onda de indignação internacional, especialmente de Washington, Londres e da União Européia. "Estes atentados intoleráveis em Mumbai terão uma resposta enérgica", afirmou o primeiro-ministro britânico Gordon Brown, que expressou solidaridade ao governo indiano. "Condenamos firmemente os atentados terroristas que aconteceram em Mumbai", declarou o porta-voz do Departamento de Estado americano, Robert Wood. A Casa Branca também manifestou disposição de ajudar o governo indiano. O presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, condenou os atentados e disse que Washington deve trabalhar para estreitar os vínculos com Nova Délhi e outros países para "eliminar as bases e destruir as redes terroristas". A presidência francesa da União Européia (UE) manifestou "horror e indignação". O governo do Brasil expressou "profundo pesar" com os trágicos atentados em Mumbai e condenou todas as formas de terrorismo, em um comunicado divulgado pelo ministério das Relações Exteriores. O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, afirmou que os atentados foram "trágicos e aterrorizantes". Emirados Árabes Unidos, Qatar e Kuwait, países do Golfo com importantes comunidades indianas, também condenaram os atentados.

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