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Correa censura o Brasil e diz que o Equador não se desculpará pelo caso BNDES

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postado em 29/11/2008 16:53
Quito - O presidente do Equador, Rafael Correa, fez neste sábado (29/11) fortes críticas ao Brasil por chamar a consultas seu embaixador em Quito, em seguida a uma controvérsia jurídica entre o governo de Quito e o brasileiro Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, e advertiu que não "pedirá desculpas nem explicações a ninguém por ter defendido os direitos de seu país". "O que o Brasil fez não tem nenhuma sustentação legal, não tem pé nem cabeça. Respeitamos, mas não compartilhamos e lamentamos profundamente essa atitude", declarou Correa em seu programa semanal de rádio e televisão deste sábado. Há uma semana, o governo de Luiz Inacio Lula da Silva chamou de volta o embaixador Antonino Marques Porto, em represália a uma demanda de arbitragem internacional por parte do Equador para impugnar o pagamento de um empréstimo de 243 milhões de dólares concedido pelo banco brasileiro. Quito alega que o dinheiro nunca chegou a suas contas e foi utilizado pela empresa brasileira Odebrecht para construir uma hidrelétrica na Amazônia equatoriana, que precisou sofrer obras de reparo um ano depois da entrega - um fato que motivou a expulsão da empresa do país. "Estamos fazendo o correto; quem está se equivocando, lamentamos nós, é o Brasil elevando a nível de conflito diplomático uma situação comercial e financeira", enfatizou o presidente equatoriano. Em relação às críticas por não ter avisado Brasília previamente, respondeu: "Não temos por que nos desculpar, dar explicações a ninguém por exercermos a soberania, defendendo os direitos do país. Gosto muito do presidente Lula da Silva, do Brasil, mas estão equivocados em relação a este assunto", reiterou Correa. O Equador havia assegurado que continuaria honrando a dívida até ser conhecida a sentença da Câmara de Comércio Internacional (CCI) de Paris. O governo brasileiro, por sua vez, "está reavaliando cerca de 30 projetos de cooperação com o Equador", anunciou o embaixador Marques Porto, durante uma sabatina no Congresso. Correa recordou que a estatal brasileira Petrobras também entrou com um pedido de arbitragem contra o Equador "sem pedir permissão", e sem que por isso fossem afetadas as relações bilaterais.

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