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Mudança climática pode agravar os conflitos políticos e econômicos

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Os efeitos da mudança climática podem agravar os problemas políticos e econômicos das zonas mais conflituosas do mundo, incluindo o Caribe, a região andina e a Amazônia, afirma o relatório da ONU divulgado em Bali (Indonésia), no ano passado. Especialistas chegaram a citar o risco de uma "guerra civil mundial". Em países como o Brasil, "o colapso da floresta tropical amazônica, que não pode ser descartado, alteraria radicalmente o meio ambiente natural da América do Sul, com conseqüências econômicas e sociais incalculáveis", afirma o relatório. O informe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) foi apresentado na Conferência sobre o Clima de Bali pouco antes da entrega em Oslo do Prêmio Nobel da Paz 2007, concedido ao ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore e ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) pelo trabalho de conscientização da opinião pública e da classe política mundial. Segundo Achim Steiner, subsecretário-geral da ONU e diretor executivo do Pnuma, as tensões entre as populações dos países em desenvolvimento podem ser exacerbadas pela crescente violência dos furacões, o degelo das geleiras ou o aumento do número de "refugiados climáticos" provocados pelo crescimento do nível do mar. Estes fatores ameaçam desestabilizar regiões inteiras, explicam os autores do informe, que destacam: "atuar a favor do clima é atuar a favor da paz". O informe identifica o norte e o sul da África e os países do Sahel como as zonas onde o risco de insegurança por causa da mudança do clima é maior. Outras regiões de potencial conflito climático são, segundo o Pnuma, partes do Caribe e do golfo do México, os Andes e a Amazônia, assim como a Ásia central, Índia, Paquistão, Bangladesh e China. Os especialistas consideram que em regiões como o norte da África ou o sul da Ásia, os desastres meteorológicos agravarão o potencial de crises sociais em países fragilizados por conflitos entre fronteiras, governos instáveis e a ameaça do fundamentalismo islâmico. "Se não se frear o aquecimento climático, os países frágeis e vulneráveis, que atualmente já são mal governados, poderiam explodir por causa das conseqüências do aquecimento global e depois gerar ondas de choque para outros países", afirmou um dos autores, o alemão Hans Schnellhuber, professor do Instituto sobre Mudanças Climáticas de Potsdam.