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Guantánamo: ex-promotor de comissões militares admite falhas

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postado em 03/12/2008 09:10
LONDRES - Os tribunais que julgavam os prisioneiros na base militar americana de Guantánamo eram defeituosos, imorais e "desonravam" a Constituição dos Estados Unidos, disse um ex-oficial que trabalhou para eles em uma entrevista exibida na terça-feira. O ex-tenente coronel americano Darrel Vandeveld disse à rádio e televisão pública britânica BBC, em sua primeira entrevista após pedir demissão em setembro, que o tratamento que os prisioneiros recebiam na base em território cubano era "atroz, equivocado, pouco ético e, finalmente, imoral". "Estava convencido de que era impossível garantir a eles um julgamento justo", disse ao canal britânico. Vandeveld estava na reserva quando foi chamado para exercer o cargo de advogado militar após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, servindo no Iraque, Bósnia e Afeganistão. Em 2007, ele se tornou promotor das comissões militares criadas para julgar os suspeitos da guerra contra o terrorismo que os Estados Unidos levaram para Guantánamo. Vandeveld disse que enfrentou a tarefa "com entusiasmo e nenhuma dúvida". No entanto, quando chegou, encontrou uma promotoria totalmente "desorganizada" e com advogados de defesa sem nenhum material, sem provas que poderiam ajudar seus clientes, em alguns casos provas de que foram maltratados para falar. "Estou aqui para dizer a verdade sobre Guantánamo e como algumas pessoas envolvidas mancharam o Exército dos Estados Unidos e nossa Constituição", declarou. "Isso é inaceitável. Isso me deixa enfurecido", continuou. Em resposta a estas acusações, um porta-voz do Pentágono disse à BBC: "Questionamos as afirmações de Darrel Vandeveld e mantemos que o sistema das comissões militares concede um julgamento justo e completo aos combatentes inimigos ilegais que estão acusados de uma variedade de crimes de guerra".

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