postado em 03/12/2008 14:29
WASHINGTON - O ex-presidente Bill Clinton quebrou a discrição que vinha mantendo sobre a nomeação de Hillary como secretária de Estado do governo de Barack Obama e afirmou nesta quarta-feira (03/12) que, assim como costumava conversar sobre todos os temas de sua administração com sua esposa quando estava no poder, Hillary deve fazer a mesma coisa com ele.
"Meu envolvimento será o mesmo que sempre tivemos em relação um ao outro no que diz respeito a nosso trabalho. Quando fui governador e, depois, presidente, falava sobre tudo com ela", afirmou Bill Clinton em entrevista à CNN. "Seus conselhos eram inestimáveis e estou certo de que falaremos sobre tudo quando ela assumir a secretaria de Estado", disse ainda.
"Eu me interesso muito por grande parte dos desafios importantes que nosso país e o mundo esperam. Mas, no fim das contas, as decisões serão do presidente", acrescentou.
Anteriormente, em uma reunião de líderes políticos e empresários celebrada em Hong Kong, Clinton elogiou a equipe formada pelo presidente eleito dos Estados Unidos, mas evitou aplaudir diretamente a nomeação de sua esposa para a secretaria de Estado.
"Estou totalmente convencido, e podem dizer que tenho um interesse pessoal em dizer isso, de que o presidente eleito Obama reuniu uma equipe econômica muito boa e uma boa equipe de segurança nacional", afirmou Clinton durante o discurso de encerramento, provocando risos na platéia pela referência velada à sua esposa.
O ex-presidente se esforçou para não fazer comentários sobre a nomeação de Hillary Clinton durante a reunião asiática da Clinton Global Initiative, em sua primeira aparição pública desde à divulgação da notícia esta semana. Clinton insistiu que a nova administração não deve evitar, devido à crise financeira, de abordar questões mundiais difíceis como a mudança climática e a necessidade de saúde e educação nos países mais desfavorecidos. "As dificuldades atuais não são uma desculpa para nada, são um motivo para se esforçar e fazer mais", acrescentou.
Clinton vinha então mantendo silêncio sobre a nomeação da esposa. Na véspera, numa conferência organizada por sua fundação em Hong Kong, se limitou a falar sobre mudança climática e sobre a crise financeira mundial. Ele apenas acenou com a cabeça quando outra das participantes do evento, a presidente filipina Gloria Arroyo, felicitou o casal pela recente nomeação, o mesmo feito pelo chanceler chinês, Yang Jiechi.
Arroyo, que foi companheira de Bill Clinton na Universidade de Georgetown, acrescentou que sempre teve orgulho dela (de Hillary) e espera que possam trabalhar juntas para que suas estreitas relações se fortaleçam ainda mais. Como parte do acordo com Obama para a nomeação de Hillary, o ex-presidente americano aceitou publicar os nomes dos mais de 200.000 doadores de sua fundação de caridade para afastar suspeitas de conflitos de interesse.
Ele também aceitou não organizar mais eventos de sua fundação fora dos Estados Unidos, pelos questionamentos que vêm aparecendo sobre como iria continuar pedindo contribuições e cobrando para fazer discursos em organizações estrangeiras se Hillary vai estar à frente da política externa americana.