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Oposição de Tarija faz nova greve contra Evo Morales

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postado em 03/12/2008 21:11
O governo boliviano enfrentou nesta quarta-feira (3) o primeiro protesto regional após o acordo com seus opositores no final de outubro que permitiu superar uma prolongada crise política. A greve coincidiu com a entrega, para o governo, de um relatório da comissão da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) sobre a morte de camponeses. O documento recomenda que o presidente Evo Morales desarticule e desarme grupos irregulares e faça amplas reformas do sistema Judiciário e na polícia do país. "O Estado, dentro do respeito da legalidade democrática, deve desarticular qualquer organização privada ou pública, qualquer cadeia de mando e qualquer utilização de funcionários e bens públicos que tenham por objetivo a realização tais crimes que violem os direitos humanos", afirma o documento da comissão, coordenado pelo jurista argentino Rodolfo Mattarollo, que entregou hoje suas conclusões a Morales. Na semana passada, ele havia entregado o documento para a presidente da Unasul, e também do Chile, Michelle Bachelet. A paralisação no Departamento (Estado) sulista de Tarija foi parcial e representou o repúdio ao que seus dirigentes qualificaram como uma "perseguição e seqüestro" contra líderes opositores por parte do governo. Segundo veículos de comunicação locais, participaram da greve vários funcionários do governo local, mas o comércio, bancos e outras atividades estavam quase normais. "As pessoas responderam favoravelmente", disse o dirigente opositor Freddy Castillo, que reconheceu, porém, que o protesto teve um início sem muito apoio. A greve foi convocada após a detenção do líder opositor Reynaldo Bayard, a quem o governo acusa de promover um ataque com dinamite a um gasoduto no sul durante protestos em setembro. "Isso é pelo atropelo. Acreditamos que o governo está em franca confrontação com a legalidade, com a democracia. Nós pedimos a liberdade de pensar diferente", disse Castillo. O ministro da Defesa de Recuperação dos Bens Estatais, Héctor Arce, afirmou que o protesto "não é justificável" porque não se pode fazer uma greve contra as ações da Justiça. A greve coincidiu também com a chegada a Tarija de uma marcha de camponeses e pecuaristas de uma região do Departamento. Os manifestantes pedem ao prefeito (governador), Mario Cossío, que os recursos dos impostos sobre o petróleo beneficiem esses setores.

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