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Ingrid Betancourt faz elogio ao 'irmão' Lula

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postado em 06/12/2008 09:09
São Paulo ; Num encontro marcado pela emoção, a ex-senadora colombiana Ingrid Betancourt, que foi por seis anos refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), agradeceu ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela ;participação importante; nas gestões para pôr fim a seu cativeiro. Resgatada pelo Exército colombiano em julho passado, Ingrid chamou Lula de ;irmão; antes do abraço de despedida. E descartou a idéia de voltar a fazer política na Colômbia, menos ainda de disputar a Presidência ; ela estava em campanha pelo cargo, em 2002, quando foi seqüestrada. O encontro se realizou no escritório da Presidência da República em São Paulo. Primeiro, os dois se reuniram reservadamente, e a ex-refém entregou a Lula um documento no qual o presidente da França, Nicolas Sarkozy, elogia o governo brasileiro e faz um convite: se Lula assinar o documento, o Brasil se compromete, com todos os países da Europa, a ajudar na libertação de cerca de 700 reféns que seguem em poder das Farc. ;Agradeço especialmente ao presidente Lula pelas negociações que culminaram na minha libertação;, disse. A ex-senadora afirmou, na frente de Lula, que ele é o presidente que mantém ;os melhores contatos; com outros governantes da América Latina, e que age muito nos bastidores, de forma anônima, em negociações delicadas. Em entrevista coletiva, Lula condenou a ação das Farc e aconselhou a guerrilha colombiana a mudar de métodos. ;A grande chance que as Farc têm de governar a Colômbia é acreditar na democracia, é fazer o jogo democrático, como fizemos aqui;, afirmou. ;E não se ganha eleição com violência, nem seqüestrando as pessoas.; Lula aproveitou os elogios da visitante para justificar a discrição com que se movimenta na questão dos seqüestros. ;O Brasil não mexe um dedo sem autorização do governo colombiano. Nosso papel é oferecer contribuição para a libertação dos reféns;, argumentou. Na visita ao Brasil, Ingrid garantiu que não pretende fazer política na Colômbia e que planeja trabalhar nos próximos seis meses para lançar um livro de memórias do cativeiro na selva. ;Não tive tempo de pensar no que eu quero fazer. Aliás, não sei o que quero. Só sei o que eu não quero: não quero fazer parte da política colombiana;. Com eleições à vista no país, em 2010, a fundadora do Partido Verde Oxigênio e senadora mais votada da história do país foi enfática: ;Não vou aspirar nem à Presidência, nem ao Congresso, nem a nada que esteja relacionado à política colombiana;. Ingrid também agradeceu aos milhares de brasileiros que enviaram cartas a ela quando estava seqüestrada. Citou o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) e o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que ;foram muito carinhosos; e ;nunca se esqueceram de mim;. Ingrid, que fixou residência em Paris, anunciou que vai passar o Natal isolada com a família, em um sítio. ;Não me sinto mais segura agora, mesmo morando na França. Ainda acordo no meio da noite com pesadelos;, revelou.

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