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FAO denuncia a existência de 963 milhões de subnutridos em 2008

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postado em 09/12/2008 08:58
ROMA - A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) denunciou nesta terça-feira (09/12) que 963 milhões de pessoas passaram fome no mundo em 2008, o que supõe 40 milhões a mais do que há um ano, anunciou nesta terça-feira o diretor-geral da agência da ONU, Jacques Diouf. Em setembro, Jacques Diouf indicou que, depois da elevação dos preços dos alimentos, o número de pessoas subnutridas no mundo aumentou 75 milhões apenas no ano de 2007, atingindo a cifra de 923 milhões. "Quarenta milhões de pessoas se juntaram este ano à condição de subnutridas no planeta, principalmente por causa da alta dos preços dos alimentos, segundo estimativas preliminares da FAO", afirmou Diouf em uma coletiva de imprensa. "O número de pessoas com fome no mundo chega a 963 milhões, contra 923 milhões em 2007. E a crise econômica e financeira atual poderá representar um aumento no número de vítimas da fome e da pobreza", afirma ainda um comunicado, publicado em paralelo à coletiva. "Esta tendência se manteve, arrastando mais 40 milhões para a fome este ano", disse o diretor-geral da FAO ao apresentar o relatório. "Para muitos países, a meta global de reduzir a fome pela metade está se tornando cada vez mais difícil de alcançar", acrescentou, referindo-se aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, estabelecidos em 2000 para serem atingidos em 2015. "Essa triste realidade não deveria sequer ser aceitável no século XXI", declarou Diouf. "Até o objetivo de reduzir a fome pela metade até 2015 é moralmente inaceitável". A agência da ONU estima que a desnutrição em tempos de crise afeta principalmente os mais pobres, os sem-teto e as famílias comandadas por mulheres, segundo o relatório "O estado da insegurança alimentar no mundo em 2008". Diouf fez um apelo aos países ricos para que invistam 30 bilhões de dólares (23 bilhões de euros) por ano na agricultura, explicando que este valor representa apenas 8% dos subsídios agrícolas distribuidos todos os anos nos países desenvolvidos. "Trinta bilhões de dólares não é nada comparado aos subsídios e ao apoio na OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), nada comparado aos bilhões de dólares gastos nos países em desenvolvimento para combater a crise financeira global", afirmou. "Não acho que seja pedir demais". "Não estamos dizendo que (fazendeiros de países desenvolvidos) não devam ser ajudados", contiuou Diouf. "Mas eles devem ser ajudados de um jeito que não distorça o mercado, o que tem um impacto negativo sobre a capacidade dos fazendeiros nos países em desenvolvimento". "Precisamos perguntar: 'Qual é a prioridade? São os 923 milhões que não têm o direito humano básico de se alimentar?'", indagou. O relatório da FAO pede uma "abordagem ampla de mão dupla", incluindo medidas que ajudem o setor agrícola a reagir aos altos preços com "redes de segurança direcionadas e programas de proteção social para os mais vulneráveis".

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