postado em 09/12/2008 17:05
As manifestações e os atos de violência contra a polícia recrudesceram nesta terça-feira em Atenas depois do enterro do adolescente morto no sábado pela polícia.
O jovem Alexis Grigoropoulos, de 15 anosm foi sepultado em Atenas entre aplausos e slogans hostis endereçados à polícia, comprovou a AFP.
"Policiais, porcos, assassinos", gritavam vários jovens quando o corpo do adolescente foi levado em um caixão branco a seu túmulo no cemitério de Palio Faliro, na periferia de Atenas. "Alexis está vivo", gritavam em coro, enquanto, seguindo a tradição grega nos enterros, as pessoas aplaudiam. Apesar do pedido da família para que as câmaras não estivessem presentes, as televisões gregas transmitiram o funeral ao vivo.
Mais de 2.000 pessoas estiveram no enterro do jovem. A violência prosseguiu, então, nas ruas próximas ao cemitério, até chegarem ao centro da capital grega, assim como em Patras (oeste) e Salônica (norte), prolongando a onda de manifestações iniciada na noite de sábado.
No centro de Atenas, grupos de jovens atiraram pedras contra vitrines de lojas, destruindo, também, os veículos estacionados próximo. Os policiais reagiram usando granadas de gás lacrimogêneo, constatou a AFP.
Em Patras, umas 500 pessoas atacaram o edifício da central de polícia com pedras e artefatos incendiários. Em Salônica, segunda cidade da Grécia, houve incidentes no bairro universitário.
As escolas de ensino médio e superior de toda a Grécia permaneceram fechadas em sinal de luto. E a crise - que debilitou o governo do primeiro-ministro conservador, Costas Caramanlis - adquiriu maior matiz político.
Os manifestantes violentos são "inimigos da democracia", afirmou Caramanlis, em mensagem ao país na qual pediu aos líderes dos partidos políticos uma condenação unânime aos atos de violência.
O líder da oposição socialista, Georges Papandreu, rejeitou nesta terça-feira o apelo à unidade da nação lançado por Caramanlis e exigiu a demissão de seu governo, reeleito em setembro de 2007, assim como a convocação de novas eleições.
A explosão da violência juvenil deixa em mais dificuldade o governo, já desestabilizado por vários escândalos e a crise econômica.
Pela primeira vez nos últimos cinco anos, as pesquisas dão vantagem ao Pasok, o grande partido opositor socialista, em relação aos conservadores.
Além disso, o país deverá amanhecer a quarta-feira mergulhado em greve geral com grandes perturbações no transporte público, aéreo e marítimo, convocada há tempos pelos sindicatos, em protesto contra a política de austeridade do governo.
Os observadores atribuem à insegurança econômica e ao desemprego a explosão do mal-estar entre os jovens depois da morte do adolescente. Enquanto isso, o policial que efetuou o disparo, está acusado de homicídio voluntario, à espera dos resultados do teste balístico.