postado em 10/12/2008 08:56
ATENAS - Milhares de pessoas se reuniram nesta quarta-feira (10/12) no centro de Atenas em uma nova manifestação contra a morte de um adolescente baleado pela polícia, e por ocasião de uma greve geral de 24 horas convocada na Grécia.
O grupo mais importante, formado por estudantes e professores, se encontra na praça central de Syntagma, onde se encontra o Parlamento grego, exibindo cartazes que pedem a renúncia do primeiro-ministro Costas Caramanlis e chamam o governo de "Estado assassino".
Centenas de militantes da Frente Comunista Sindical (PAME) se congregaram por ocasião da greve geral e realizaram uma outra manifestação diante da sede do ministério do Trabalho.
Os dois grandes sindicatos gregos, a poderosa Confederação Geral de Trabalhadores Gregos (GSEE, com 600.000 afiliados) e a Federação de Funcionários (ADEDY, com 200.000 membros), pediram aos trabalhadores que realizem um protesto pacífico na praça de Syntagma a partir do meio-dia.
Os sindicatos ignoraram o pedido de Caramanlis feito num discurso à nação na noite de terça para que evitem confundir reivindicações trabalhistas e os protestos juvenis desencadeados pela morte do adolescente. Os sindicatos protestam contra a política de austeridade do governo.
Antes do reinício das manifestações, a Grécia amanheceu em relativa calma nesta quarta-feira. Mas, na capital, aconteceram confrontos até 3h00 entre policiais e mais de 100 jovens que deixavam as Faculdades Politécnica e de Direito, ocupadas desde domingo.
Uma agência dos correios, um banco e uma agência de turismo foram atingidos pelos manifestantes no centro da capital. A polícia de Atenas realizou 55 detenções na terça-feira. As manifestações contra a polícia se intensificaram na terça-feira depois do enterro do adolescente morto a tiros por um agente.
Alexis Grigoropulos, de 15 anos e cuja morte, sábado, desencadeou uma onda de violência, foi sepultado na terça-feira na periferia da capital grega. Apesar do pedido da família para que as câmaras não estivessem presentes, as televisões gregas transmitiram o funeral ao vivo. Mais de 2.000 pessoas estiveram no enterro do jovem.
O líder da oposição socialista, Georges Papandreu, rejeitou na terça-feira o apelo à unidade da nação feito por Caramanlis e exigiu a demissão de seu governo, reeleito em setembro de 2007, assim como a convocação de novas eleições. A explosão da violência juvenil deixa em mais dificuldade o governo, já desestabilizado por vários escândalos e a crise econômica.
Pela primeira vez nos últimos cinco anos, as pesquisas dão vantagem ao Pasok, o grande partido opositor socialista, em relação aos conservadores. Os observadores atribuem à insegurança econômica e ao desemprego a explosão do mal-estar entre os jovens depois da morte do adolescente. Enquanto isso, o policial que efetuou o disparo, foi acusado de homicídio voluntário, à espera dos resultados do teste balístico.