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Cientista acha vapor de água em planeta gasoso

Descoberta do telescópio espacial Spitzer indica a possibilidade de vida nos ;júpiteres quentes;, astros extra-solares de grande massa

postado em 11/12/2008 07:42
Constelação Vulpécula (Raposa), a 63 anos-luz da Terra, fora do sistema solar. Ali, o planeta gigante HD 189733b, 15% maior que Júpiter, concentra vapor de água na atmosfera. O líquido em estado gasoso atinge 900 graus Celsius. ;A água sempre está lá, de alguma forma, mas às vezes é possível que seja obscurecida por outros tipos de nuvens;, afirmou ao Correio o norte-americano Carl Grillmair, astrônomo do Spitzer Science Center (SSC, com sede em Pasadena, Califórnia) responsável pela descoberta. ;Os padrões meteorológicos e as tempestades nesses astros conhecidos como ;júpiteres quentes; são provavelmente até 10 vezes mais poderosos que os que ocorrem em toda a Terra, e podem mudar a aparência do planeta em curtos intervalos de tempo;, explicou Grillmair. Até então, acreditava-se que esses imensos planetas gasosos, que orbitam estrelas e cuja massa excede a de Júpiter, eram o tipo de ambiente hostil à vida. Essa teoria deve começar a ser revista pelos cientistas. De acordo com o astrônomo, é provável que haja muitos outros planetas extra-solares, onde a água seja farta e a vida possa existir. A assinatura de água foi detectada pelo espectrógrafo infravermelho, um aparelho do telescópio espacial Spitzer que decompõe a luz infravermelha em ;cores;. ;A relativa quantidade de luz vista no HD 189733b em cada uma dessas cores do infravermelho nos revela quais moléculas absorvem a luz em sua atmosfera;, disse o autor do estudo, publicado ontem na revista científica Nature. Teóricos já suspeitavam da presença do líquido nos ;júpiteres quentes; e o formato do espectro previsto por eles é compatível com as observações da equipe liderada por Grillmair. A pesquisa abre um longo caminho para a compreensão da física e da química básica nesses planetas exóticos. ;Entenderemos como tais astros reagem à tremenda quantidade de calor absorvida de suas estrelas próximas;, explicou o especialista da SSC. Drake Deming, cientista planetário do Centro de Vôos Espaciais Goddard da Nasa (agência espacial dos Estados Unidos), acredita que a descoberta de Grillmair é um primeiro passo crucial rumo à detecção de biomarcadores no espectro de planetas habitáveis que orbitam estrelas. ;Esperamos encontrar uma ;super Terra; habitável transitando perto de uma estrela anã;, disse à reportagem. ;A técnica de Grillmair é muito bem ajustada, de modo a detectar as assinaturas de moléculas nesse tipo de mundo.; Um mundo que, se abrigar uma superfície, ela está situada a milhares de quilômetros sob o manto gasoso. A descoberta ocorre um dia após o anúncio da presença de dióxido de carbono no HD 189733b. Em certas circunstâncias, o composto pode estar ligado à vida. Outros avanços Uma pesquisa divulgada ontem pela Nature indica a presença de água em estado líquido na superfície de remotas luas geladas. Segundo Robert Tyler, cientista da Universidade de Washington, o movimento criado pela maré fornece calor para manter oceanos nos satélites de planetas extra-solares. Também ontem, alemães anunciaram ter encontrado uma prova conclusiva da existência de um buraco negro gigantesco no centro da Via Láctea, a 27 mil anos-luz da Terra. A massa dele é 4 milhões de vezes maior que a do Sol.

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