postado em 11/12/2008 07:43
O norte-americano Robert Tyler, oceanógrafo da University of Washington, não se contenta em estudar as marés na Terra. Ele começou a analisar como funciona o sistema em cinco luas do sistema solar, após detectar a presença de oceanos líquidos nesses satélites gelados. Em entrevista exclusiva ao Correio, Tyler falou sobre a descoberta.
O que explica a presença de um oceano líquido em luas geladas?
Já temos evidências muito convincentes de oceanos em pelo menos cinco luas do sistema solar -- Europa, Ganimedes e Calisto (satélites de Júpiter) e Enceladus e Titã (de Saturno). Isso é muito interessante. Meu interesse básico é na compreensão das mudanças que invocamos no sistema destes planetas. Sou um oceanógrafo com motivação em entender o clima da Terra. Até uma década atrás conhecíamos apenas um oceano em nosso sistema solar. Agora achamos pelo menos seis. Isso fornece importante comparação na compreensão de nosso oceano e em sua intrínseca estabilidade no sistema Terra/clima. O que fiz no artigo publicado na Nature é uma melhora nas estimativas de marés dos oceanos nessas luas. Tentativas anteriores não foram feitas corretamente, porque não permitiram a possibilidade de ressonância. Mas consideramos que as mais altas marés da Terra estão em locais como Baía de Fundi e no Maranhão (Alcâtara), onde o fenômeno também ocorre por causa da ressonãncia. O formato da baía é simplesmente ressonante com a força da maré e cria amplas amplitures. Meus estudos consideram essa aplicação na lua Europa. Mas os resultados se aplicam a todas as luas com um oceano global. Eu costumaba pensar que essas luas geladas com um oceano líquido são muito curiosas. Por que elas não se solidificam? Há fontes de calor nessas luas...
De que tipo de líquido são feitas esses oceanos sob a superfície?
Essa realmente não é minha área. No caso da lua Europa, é água (H20) misturada a algum tipo de sal. Talvez não cloreto de sódio, como na Terra, mas sulfato de magnésio. Seria um banho um pouco frio.