postado em 11/12/2008 16:00
Pelo menos 55 pessoas morreram e 95 ficaram feridas nesta quinta-feira em um atentado suicida em um restaurante perto de Kirkuk, 255 km ao norte de Bagdá, no ataque mais violento perpetrado no Iraque nos últimos seis meses, que coincide com o fim da festa de Eid Al Adha.
"Pelo menos 55 pessoas morreram e 95 ficaram feridas", disse à AFP o general Torhane Yussef, número dois da polícia de Kirkuk. Um balanço anterior indicava 45 mortos e 93 feridos.
O ataque aconteceu nas primeiras horas da tarde no restaurante Abdala, um dos maiores da cidade, freqüentado por membros de todas as comunidades locais - sunitas, curdos e turcomanos -, no último dia da festa de Eid Al Adha, a principal do calendário muçulmano. O estabelecimento fica em uma estrada controlada pelos peshmergas (combatentes curdos).
No momento do atentado, vários chefes tribais almoçavam com representantes do presidente iraquiano, Jalal Talabani, que é curdo, para falar sobre a situação em Kirkuk. Nenhum deles ficou ferido, uma vez que a reunião acontecia em outro salão do restaurante, informou à AFP o chefe Ali Hussein al-Juburi. Quatro guarda-costas dos líderes ficaram feridos.
Segundo Abbas Fadel, funcionário do restaurante, um terrorista suicida detonou o cinto de explosivos que trazia junto ao corpo em um salão onde almoçavam várias famílias. Uma fonte do ministério de Defesa em Bagdá confirmou esta versão, mas o ministério do Interior informou, por outro lado, que o ataque foi feito com um carro bomba.
"Há cada vez mais vítimas chegando" afirmou Mohammed Abdala, médico dos serviços de emergência, enquanto a seu lado um menino de cinco anos chorava contando que havia perdido os pais no atentado.
Rezkar Mahmud, um curdo de 24 anos, foi ferido na perna. Quando a bomba explodiu, Rezkar almoçava com o pai, a mulher e os filhos. "O restaurante estava cheio. A explosão quebrou os vidros e derrubou as paredes. Não sei onde estão meus filhos e meu pai", contou.
"Eu perdi minha neta. Tinha quatro anos. E não sei onde estão meus dois filhos", chorava Reskiya Oji, iraquiana turcomana de 49 anos, deitada em uma cama dos serviços de emergência, com a roupa manchada de sangue. Diante da quantidade de vítimas que chegavam, a polícia fez um apelo aos cidadãos por doações de sangue.
Atentados e enfrentamentos entre comunidades acontecem com certa freqüência na cidade de Kirkuk, cujos 900.000 habitantes são divididos em várias comunidades: curdos, turcomanos (que se consideram seus habitantes históricos), cristãos e árabes, que chegaram com a política de "arabização" forçada do ex-ditador Saddam Hussein.
O ataque contra o restaurante Abdala é o mais violento no Iraque desde o duplo atentado que no dia 10 de novembro deixou 28 muertos e dezenas de feridos no mercado Azamiya, em Bagdá. No dia 17 de junho, 51 iraquianos morreram e 75 ficaram feridos em um atentado perto de outro mercado bagdali, no bairro de Al Hurriya.